O ocaso da medicina brasileira?


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Que o Brasil seja um país colonizado, creio que ninguém discuta. Mas não me refiro à colonização pela vinda de imigrantes. Falo da colonização cultural. Somos totalmente colonizados pelo que podemos chamar de “american way of life”.

O que tem de errado nisso? Muita coisa, inclusive nossa medicina. Aliás, em quase todos os ramos da ciência, somos colonizados. No meu caso, por exemplo, a Administração, ignoramos solenemente os modelos europeus de gestão para vender, por aí, o modelo americano dos grandes “gurus”. Cometemos um crime, inclusive, ao adotar esse modelo na gestão pública. Não é para menos que os serviços públicos brasileiros têm a fama que tem.

No caso da medicina, sucumbimos ao modelo tecnológico das grandes corporações farmacêuticas e das grandes empresas produtoras de equipamentos de diagnóstico. Para esses grupos, só existe a medicina da doença. Só se pode vender remédios ou exames para quem já está doente. Não há lucro na medicina preventiva e, menos ainda, na medicina natural.

Os médicos são aculturados desde o primeiro dia de faculdade. E saem de lá, com poucas exceções, acreditando piamente que só esse modelo poderá salvar a humanidade da calamidade. E, para que ninguém se sinta tentado a mudar, ao longo da carreira, criam-se congressos “científicos”, invariavelmente bancados pela indústria.

Nossa medicina é a medicina da doença, repito. Por isso existem milhares de cidades sem um médico sequer. Cidades pequenas, invariavelmente pobres, não representam lucro para o sistema. A desculpa – esfarrapada, diga-se de passagem – de que não existe a infraestrutura necessária para que exerçam seu mister, é o claro sintoma do modelo: se não posso fazer exames, então não posso curar; se não podem comprar os remédios que indico, então não posso curar. Se não posso curar, para que estar lá?

Sequer ante os dados da realidade os conselhos corporativistas, e os médicos que os apoiam, param para aceitar que pode haver um outro modo de fazer medicina. Os dados da realidade mostram que o modelo adotado em Cuba é IMENSAMENTE mais bem sucedido que o brasileiro. Beira o debiloidismo gente que tenta negar isso.

Cuba tem médicos em mais de 70 países. Em quantos o Brasil tem? Cuba tem diversos indicadores sociais muito, mas muito mesmo, melhores que os brasileiros: mortalidade infantil, expectativa de vida… Mas não importa, né? Cuba é comunista e irá trazer comunistas para o Brasil. E de comunistas já temos o que chega no governo, né? Comunistas demais no governo, médicos de menos nas comunidades.

Esse é o ocaso da medicina brasileira: se defrontar com outro modelo de fazer medicina. Um modelo de indiscutível sucesso. Mas quem é mantido pela indústria e por consultas de valor exorbitantes não está interessado.

A ninguém é exigido que vá atender em uma vila, em condições precárias. É um direito de cada um, na nossa democracia de sucesso, escolher como levar a vida. Mas muitos esquecem, que antes do direito, existe o dever. E o dever, no caso, é apoiar quem se dispõe a isso. Sem hipocrisia.

 

About the author

Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Apenas o que hoje chamam de um idoso. Parodiando Einstein, só uma coisa é infinita: a hipocrisia. E se você precisou saber meu "currículo" para gostar ou não do que eu escrevo, pense bem, você é sério candidato a ser mais um hipócrita!