Dança NA rua (ou DE rua?)


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Se um dos grandes objetivos é levar a dança ao grande público, que tal a rua? Muitas pessoas passando, gente que nunca teve grande contato com a dança zigue-zagueando para lá e para cá, crianças, idosos, mendigos, cachorros, enfim, a rua é um poço de variedades. Então, por que não levar a dança para lá?

Aí o meu querido leitor vai falar: "mas isso já foi feito, o street dance". Exato! Já existe dança de rua: hip-hop, street dance, etc. Mas não é esse o título do artigo, eu disse dança NA rua. Confundiu? Vamos lá, então.

Nem sempre dança na rua é a mesma coisa que dança de rua. Dança de rua é um estilo. Dança na rua é uma forma de apresentação. É levar a dança até o meio da rua, onde todo mundo que passa por lá possa vê-la.

Claro que é ótimo estar no palco de um teatro, de um grande teatro. É uma sensação única e muito especial. Mas, já experimentou dançar na rua? Já imaginou a dança clássica, por exemplo, no meio da rua? No meio das pessoas. No centro da cidade na hora do rush. É tão emocionante quanto um palco de um teatro – mas com suas peculiaridades, é claro.

O público da rua dificilmente é o mesmo que aparece nos teatros. É um público mais solto, que é pego de surpresa por uma apresentação não programada – para eles, pelo menos. Os olhos de espanto e encantamento que nos encaram nessas horas é de emocionar. Tais reações passam despercebidas dentro de um teatro lotado.

Se num primeiro momento fica todo mundo olhando meio desconfiado, sem saber o que está acontecendo direito, depois de um tempo bem curto todos já se sentem à vontade. Crianças tentam imitar, idosos festejam, alguns olhares atentos e perplexos.

Lembro de várias histórias – algumas engraçadas, outras nem tanto – que aconteceram em apresentações do tipo. Histórias que eu mesma presenciei e outras que me contaram – e que acredito. Uma delas? Bom, quando fazemos essas apresentações, a preparação é sempre diferenciada, pois não sabemos o que vamos encontrar pela frente. Sabendo disso nos preparamos para todo o tipo de situação. Em uma dessas, deparamo-nos com dois bêbados que ficaram bem perto da gente dançando e segurando firmemente a garrafa de sabe-se lá que bebida. Num determinado momento da dança começa a aparecer uma mancha vermelha na sapatilha de uma das bailarinas – sim, era sangue -, e ela continuou a dançar como se nada estivesse acontecendo. A dor, presumo, era insuportável e, acho que percebendo isso, o bêbado ajudou a bailarina, ao final da dança, a sentar. Um gesto muito gentil da parte dele, visto que todos os outros que estavam sóbrios não moveram um dedo para isso. Como eu disse, na rua acontecem coisas muito inesperadas.

Muita gente que dança pode ter preconceito em fazer dança na rua, mas eles não sabem o que perdem. A rua é um palco tão maravilhoso quanto o de um teatro. Além de reservar grandes surpresas, é uma forma muito eficaz de aproximar a dança das pessoas.

Nem todo mundo tem dinheiro para pagar um ingresso caro para assistir a uma apresentação de dança, mas isso não é motivo para que eles sejam privados de tal experiência. Geralmente as pessoas que veem essas atrações no meio da rua não estão acostumadas com esses contatos com culturas diferentes. Contatos esses que vejo como fundamentais. Então, parafraseando um velho ditado: Se o grande público não vai à dança, a dança vai ao grande público. E que assim seja, sempre! Esse é um dos deveres de um artista.

Au revoir.

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Sara Gobbi