Uma vez caótico, sempre caótico…


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Sou o primeiro a admitir: não primo pela coerência no que diz respeito às preferências. Mas, como alguém já disse, não se aprende a querer; no máximo aprimora-se o gosto. Portanto…

Ando mais lendo do que ouvindo, e mais ouvindo do que vendo. Ou será que ando mais ouvindo do que lendo? Sei lá!
Acho que, como muitos, tenho o hábito de ler vários livros ao mesmo tempo. E releio muito, também, talvez mais do que seria recomendável. Um dos que reli, até mesmo por causa do texto em que tratei da Grande Guerra, foi “Uma História da Guerra”, de John Keegan. É exatamente o que o título indica, mas vai muito além, cruzando dados e informações das mais diversas culturas ao longo da história. É leitura muito recomendável, tanto pelo conhecimento enciclopédico de Keegan, como pelo fato de fornecer material para reflexão sobre a nossa natureza. E também por causa da coluna, ando relendo “História Social da Arte e da Literatura”, de Arnold Hauser, que parece estar meio fora de moda, talvez em função de sua leitura marxista, mas é leitura obrigatória para quem se interessa por arte e literatura, além de ser fonte de uma série de informações difíceis de encontrar em outros livros.
E acabei de ler, há alguns dias, “O Leopardo”, de Lampedusa. Lembrei disso, entre outras coisas, por causa do texto de estréia do Jefferson. Porque, como ele bem destaca ali, pintou um certo clima… É aquela coisa: você fica olhando a lombada do livro na estante; depois pega, olha a capa (horrível, por sinal), deixa de lado na mesa, ele fica ali por uns dias, até que finalmente você decide que chegou a hora de ler o dito cujo. E, nesse caso, não me arrependi: bela leitura e magnífica personagem, que é Dom Fabrízio, o Príncipe de Salina, que testemunha o fim da sua era e do seu mundo. Entre muitas passagens marcantes, eu fiquei particularmente comovido com o capítulo da sua morte, realmente tocante, com uma nota de amargura: “Tenho setenta e três anos, por alto terei vivido, verdadeiramente vivido, um total de dois… três anos no máximo. E o sofrimento, o tédio, quanto tinham durado? Inútil cansar-se fazendo contas: todo o resto: setenta anos.”
Quanto ao que ando ouvindo, sei lá se devo recomendar… É música de doido, atmosférica, barulheira dos infernos: Meshuggah (obZen – 2008) e Isis (In The Absence Of Truth – 2006). obZen, do Meshuggah, é, na minha modesta opinião, o melhor álbum do ano: intenso, uma avalanche, algo como um trem desgovernado vindo na sua direção, um som extremamente trabalhado, cheio de quebradas e de tempos estranhíssimos. Já o Isis é mais climático, preocupa-se mais em criar uma certa atmosfera, coisa que gosto muito em qualquer meio. Sou o primeiro a confessar: não é música para ouvidos sensíveis. Mas, se você gosta de se aventurar, pode ouvir que vale a pena. E além desses, Elomar, muito Elomar, que nem sei por que eu gosto tanto.
E, como afirmei antes, não ando vendo muita coisa. Assisti, por causa de um trabalho que estou fazendo, “Pandora’s Box” (1929) de G.W. Pabst. Mas devo dizer que vi correndo, com pressa, e não sei se consegui entrar no clima do filme, e olha que sou particularmente fã do Expressionismo alemão. Até o Jack Estripador aparece na jogada… Creio que deveria assistir de novo, até porque a presença de Louise Brooks magnetizou toda a minha atenção. Linda!
Acho que é isso.

Livros:
“Uma História da Guerra”, John Keegan
“História Social da Arte e da Literatura”, Arnold Hauser
“O Leopardo”, Lampedusa

Música:
Meshuggah: obZen (2008)
Isis: In The Absence Of Truth (2006)
Elomar e Arthur Moreira Lima: Parcelada Malunga (1980)

Cinema:
Pandora’s Box (1929), de G.W. Pabst

About the author

Marcos Schmidt

Marcos Schmidt é designer gráfico e ilustrador. Vive e trabalha na irremediável cidade de São Paulo.