A Copa de 2014 está cheia de intereses vazios


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O futebol brasileiro anda em maus lençóis, apesar de muitos cidadãos acreditarem que a Copa do mundo no Brasil é a solução para todos os problemas (quais?). O cenário desta Copa se desenha numa lógica que temos de creditar terror e desconfiança, pois, o que se espera de uma sociedade capitalista? Liberdade, igualdade e fraternidade?

Há anos se aprofunda uma transformação do futebol, passando das mãos de “cartolas” para serem dirigidos por “gestores” e “executivos de negócios”. É neste ritmo que a Copa do Mundo veio parar no colo dos brasileiros a partir da “vontade nacional” de meia dúzia de empresas que vêem no evento uma forma de aumentar os lucros com o certame planetário em terras tupiniquins. Destarte, desenha-se para nós uma copa em três atos: em primeiro, a construção de um "consenso" nacionalista de que devemos porque devemos sediar uma Copa. Por que devemos? Para quem devemos? Sua gênese nasce de uma lógica dos businessman, cheia de interesses privados e vazios de sentimento republicano. Em segundo, o governo virou as costas à sociedade civil, se furtando de uma discussão mais aprofundada sobre o impacto orçamentário nas Políticas Públicas, haja vista, que se o Pan-americano custou dez vezes mais que o previsto, quanto sairia dos cofres públicos para a realização do maior evento futebolístico do planeta? Por fim, as autoridades públicas não esboçaram em especial alguma estratégia a longo prazo de políticas de Estado para a promoção do esporte em nosso país. É uma indagação percebermos que muitos critérios são apresentados para um Estado ser uma das sedes da Copa (são doze cidades), menos o principal: De que servirá tanto dinheiro público, para lucros privados? Que política pública podemos inferir de tal investimento? Em vez disso, para os clubes fizeram a "Timemania", a loteria da cartolagem. Algumas autoridades públicas acham que o problema do futebol brasileiro é fluxo de caixa, captação de recurso, falta de eficiência e modernização empresarial. Para outros, o problema é a corrupção, lavagem de dinheiro, falta de transparência, oligarquização, dentre outros. Com uma tragédia política dessas, só esperamos congratulações aos balanços das empresas e muito pão e circo para quem tem orgulho de ser brasileiro.

Enfim, no frigir dos ovos, é que nos damos conta da realidade social que aprisiona a política na atualidade, sendo que para Marco Aurélio Nogueira “a crise da política é o domínio do mercado sobre o Estado, o enfraquecimento das instituições e da cultura da ‘solidariedade’"1. Ademais, o Estado e o mercado vislumbram com esta Copa do Mundo nada mais do que geração de capital político e financeiro. Se possível com uma racionalidade de mercado e com o Estado, já contaminado desde a última reforma neoliberal implementada pelo governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso com valores “gerenciais”. Nelson Rodrigues dizia que nos sábados os bares ficam cheios de pessoas vazias. Seguindo seus rastros, supomos que a sociedade capitalista de hoje, nos relega interesses cheios de um vazio da política, da “solidariedade”. Parece ninguém duvidar que a Copa engendrará uma “elitização-privatização” do futebol com ingressos inflacionados em estádios ultra-modernos e luxuosos (pra que/quem tudo isso?!). Quanto ao povo, cabe assistir por um canal de TV a tudo isso e sonhar em ser burguês. Isso é de graça.

1- NOGUEIRA, Marco Aurélio. Em defesa da Política. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001.

Cláudio André de Souza é estudante de Ciências Sociais, bacharelando em Ciência Política, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

clandresouza@gmail.com

 

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Cláudio André de Souza