A redistribuição da economia internacional e os novos desafios ambientais


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Os países ricos e desenvolvidos estão passando por uma enorme crise econômica, desde 2007. Após a desaceleração de 2008 e a grande recessão de 2009, esperava-se que houvesse recuperação nos anos seguintes. Mas o curto fôlego só aconteceu em 2010. Tudo indica que as economias americana e da área do Euro podem cair na recessão novamente, caracterizando a situação de “duplo mergulho”. Na melhor das hipóteses os países desenvolvidos vão crescer pouco enquanto não conseguirem resolver seus problemas de altos déficits, altas dívidas e alto desemprego. Entrementes, a maioria dos países em desenvolvimento, a despeito de serem mais pobres em termos de renda per capita, estão apresentando um melhor desempenho econômico (inclusive os países da África ao sul do Saara).

No início da década de 1990, a região desenvolvida (composta por 34 países e com 1,25 bilhão de habitantes em 2011) representava cerca de 2/3 da economia mundial e a região em desenvolvimento (composta por 150 países e com 5,75 bilhões de habitantes em 2011) representava 1/3 da economia do Planeta, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), medido em poder de paridade de compra (ppp). Até o ano 2000 as percentagens mudaram pouco e passaram para 63% e 37%, respectivamente. Porém, após a virada do milênio os países antes considerados do Terceiro Mundo passaram a crescer em um ritmo muito mais veloz, sendo que em 2010 os países em desenvolvimento pularam para 48% da economia internacional e os países desenvolvidos caíram para 52%. As projeções do FMI mostram que haverá empate em 2012 e que a partir de 2013 os países em desenvolvimento passarão a representar mais da metade da economia global. As projeções para 2016 são de 54% para os países em desenvolvimento e de 46% para os países desenvolvidos. As recentes crises na Europa e nos Estados Unidos apenas confirmam e aceleram a mudança na redistribuição da economia internacional.

O fato é que os países em desenvolvimento,  liderados pela China e pela Índia (que juntos possuem mais de 2,5 bilhões de habitantes) devem liderar o crescimento da economia mundial nestas primeiras décadas do século XXI. Somente os 7 grandes países emergentes (China, Índia, Rússia, Brasil, México, Turquia e Indonésia) já representavam 30% da economia mundial em 2010 e devem chegar a 35% no ano de 2016, superando o grupo dos 7 países mais ricos, o G-7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá).

A Conferência internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo, em 1994, estabeleceu que o desenvolvimento é um direito dos povos. Portanto, os chamados países “emergentes” estão colocando em prática os seus direitos de produzirem cada vez mais bens e serviços. Em termos per capita os países em desenvolvimento ainda estão muito distantes dos países “avançados” (usando a terminologia do FMI). Mas as diferenças de renda estão diminuindo.

O processo de convergência da renda de países pobres e ricos é uma grande novidade e uma boa notícia neste alvorecer do terceiro milênio. Porém, o impacto sobre o meio ambiente pode ser dramático, pois o efeito poluidor de um grupo é tão devastador quanto o do outro. Segundo a revista The Economist (04/08/2011), os países em desenvolvimento já são responsáveis pelo consumo mundial de cerca de 75% do aço, 70% do cobre, 55% do petróleo, 80% dos celulares, 55% dos automóveis, etc. Apenas um dado em destaque é suficiente para se ter uma idéia do efeito sobre o meio ambiente: os países em desenvolvimento já são responsáveis por cerca de 60% da emissões de carbono (CO2) do mundo.

Evidentemente, os países desenvolvidos foram os principais responsáveis pelos grandes danos ambientais durante o século XX e ainda continuam grandes poluidores. Porém, se os países em desenvolvimento continuarem a mimetizar o modelo das “economias avançadas”, o dano ambiental para o Planeta Terra será irremediável.

A solucão passa pelo decrescimento do consumo supérfluo, a diminuição dos desperdícios, a redução dos gastos militares e de guerra, a estabilização da população mundial e a transição de uma economia de alto carbono para um economia de baixo carbono, onde os recursos naturais sejam utilizados de uma maneira sustentável e as outras espécies vivas do Planeta sejam respeitadas.

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José Eustáquio Diniz Alves