Aquecimento Global: fenômeno natural ou antropogênico?


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O aquecimento global é uma realidade que ninguém contesta. De fato a temperatura do Planeta subiu nas últimas décadas, conforme mostram a grande maioria dos estudos científicos realizados com bases de dados confiáveis.

O que causa contestação são os motivos do aquecimento global e as projeções para as próximas décadas. Enquanto grande parte dos estudos mostra que o aquecimento é causado pelo acúmulo dos gases do efeito estufa na atmosfera, decorrentes da queima de combustíveis fósseis, os céticos dizem que o aquecimento é um fenômeno cíclico e natural e nada tem a ver com as atividades antropogênicas (provocadas pelo ser humano).

 Os primeiros querem mudar a matriz energética mundial e o padrão de consumo que agride e destrói a natureza e a biodiversidade. Querem taxar as indústrias que produzem e usam energias que liberam carbono e também aquelas que produzem bens e serviços supérfluos. Os segundos, geralmente ligados às industrias do petróleo e carvão, argumentam que o aquecimento não é causado pelo CO2 e criticam os gastos considerados excessivos para limitar um fenômeno que seria natural e, portanto, distante da capacidade humana de resolve-lo.

Por exemplo, o dinamarquês Bjorn Lomborg, autor do livro “O Ambientalista Cético” (Campus, 2002), acredita que um esforço mundial para cortar emissões de gases do efeito estufa no curto prazo é um gasto errado de recursos, pois seria mais útil investir na solução de problemas mais graves como a desnutrição infantil, a malária e outras doenças que matam milhões de cidadãos nos países pobres.

Evidentemente ninguém tem certeza absoluta sobre todos os aspectos da verdade climática. Ter cautela é uma atitude recomendável. Neste sentido, independentemente da controvérsia se o aquecimento global é natural ou antropogênico existem diversas ações que podem ser efetivadas para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis que são poluidores e limitados. Vejamos algumas medidas que podem trazer ganhos para o meio ambiente em qualquer cenário futuro:

1) Mudar a matriz energética para fontes renováveis e limpas: a conjugação da energia solar, eólica, das marés e da biomassa pode livrar a humanidade da dependência do petróleo e do carvão. Investimentos e incentivos adequados podem fazer despencar o preço de produção destas fontes alternativas e tornar viável a economia de baixo carbono;

2) Investir em um sistema de transporte coletivo e de carga que adote as fontes limpas e renováveis de energia, conforme a matriz solar, eólica, das marés e da biomassa;

3) Investir na industria da construção civil e na criação de casas, escritórios e prédios inteligentes e ecologicamente sustentáveis, utilizando materiais recicláveis, fontes renováveis de energia para aquecimento e refrigeração, sistema de ventilação inteligente para aproveitar as condições naturais do clima, reaproveitamento e reutilização da água, etc;

4) Reurbanização das cidades com melhoria do transporte coletivo, veículos movidos a combustíveis limpos, viabilidade das caminhadas a pé e do uso de bicicletas, viabilização do trabalho a domicílio com disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação, etc.

5) Incentivo para a instalação de comunidades autônomas de baixo carbono, capazes de serem auto-sustentáveis, com eficiência energética, com alimentação orgânica, com mobilidade e acessibilidade e a participação pública da sociedade civil.

Os exemplos acima podem ser implementados e trazer ganhos para toda a sociedade e o meio ambiente, mesmo que o aquecimento global seja um fenômeno natural e que, numa visão otimista,  venha pela frente um ciclo de resfriamento.

Contudo, os ganhos das medidas acima serão ainda maiores se o aquecimento global for fruto do acúmulo de liberação de gases de efeito estufa, pois as medidas listadas contribuem para uma economia de baixo carbono. Evidentemente, é possível caminhar para o desenvolvimento sustentável, criando “empregos verdes”, e sem deixar de enfrentar os graves problemas de educação, saúde e moradia pelos quais sofrem as populações de baixa renda do Brasil e do mundo.

 

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José Eustáquio Diniz Alves