O decrescimento do ritmo do crescimento econômico


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O século XX vai ficar conhecido como o momento de maior crescimento demo-econômico de todos os tempos. O período que vai do final da Segunda Guerra Mundial até o final da década de 1970 é conhecido como os “30 anos gloriosos”, pois foi o período de maior crescimento populacional e econômico, não só do século, mas de toda a história humana. Segundo cálculos de Angus Maddison e do Fundo Monetário Internacional, o PIB mundial cresceu por volta de 4,8% ao ano, a população cresceu em média quase 2% e a renda per capita aumentou 2,8% ao ano entre 1950 e 1980. Este período “extra-ordináro” contou com o investimento dos avanços científicos e tecnológicos acontecidos na primeira metade do século XX, com uma grande expansão da fronteira agrícola e econômica e com os baixos preços dos combustíveis fósseis.

O Brasil, por exemplo, foi um dos países que mais cresceu durante o boom internacional e apresentou uma das melhores performances econômicas do mundo. O PIB brasileiro cresceu em média 7% ao ano, entre 1950 e 1980, a população cresceu 2,8% ao ano e a renda per capita teve um expressivo aumento de 4,2% na média anual das 3 décadas. Os países ocidentais e o Japão (chamadas de economias avançadas pelo FMI) cresceram, em média, 4,6% ao ano, neste período. O conjunto das economias emergentes (também chamadas de Terceiro Mundo) cresceu em média 5% ao ano, entre 1950 e 1980.

Contudo, o modelo de produção taylorista-fordista, com administração macroeconômica de inspiração keynesiana, entrou em crise no final dos anos de 1970. Entre 1981 e 1990 o crescimento médio anual das economias avançadas caiu para 3,3%, das economias emergentes para 3,4% e do Brasil caiu para somente 1,6% ao ano (menor que o crescimento da população no período). Nos anos de 1990, as economias avançadas continuaram o processo de declínio (para 2,8% ao ano) e houve uma pequena recuperação do conjunto das economias emergentes (crescimento anual de 3,8%) e do Brasil (crescimento de 2,7% ao ano).

A novidade pós-1980 foi o impressionante crescimento da China que manteve uma média de variação do PIB próxima de 10%, ao ano, entre 1980 e 2010. Não há nada parecido na história. Na década de 1990 houve também o reerguimento da Índia. Os dois países mais populosos do mundo puxaram a média de crescimento das economia emergentes nos anos 1990 e lideraram o mundo no início do novo milênio. Mas este desempenho extraordinário tem seus limites e não há como crescer ilimitadamente.

Entre 2001 e 2010 as economias avançadas cresceram apenas 1,6% ao ano. Mas o conjunto das economias emergentes cresceu 6,2% ao ano, sendo que até o Brasil apresentou crescimento de 3,7% ao ano no período. A China cresceu cerca de 10% e a Índia cerca de 8% ao ano. Como a China e a Índia possuem quase 40% da população mundial, o crescimento econômico destes dois países fez crescer a chamada “classe média emergente”, ampliou o mercado de consumo no mundo, contribuindo para elevar o preço dos alimentos e das commodities.

Parecia que a primeira década do século XXI iria inaugurar um período de grande divergência nas taxas de crescimento do PIB e de grande convergência da renda entre as economias avançadas e as emergentes. Já havia muitas pessoas comemorando o excepcional crescimento das economias periféricas. Porém, o início da segunda década do atual século está apontando para uma redução geral do crescimento econômico no mundo. As economias avançadas já estão no caminho da estagnação e o Japão é apenas um exemplo.

Relatório publicado em 23 de janeiro de 2013, pelo FMI  (World Economic Outlook – WEO), mostra que nos 3 primeiros anos da segunda década do corrente século houve uma desaceleração tanto das economias avançadas quanto das economias emergentes. O Brasil tinha ensaiado uma recuperação econômica, pois depois de um crescimento pífio de 1,6% na chamada década perdida (não houve crescimento da renda per capita brasileira nos anos de 1980), cresceu 2,7% na década de 1990 e 3,7% entre 2001 e 2010. Porém, os 3 primeiros anos da atual década apontam para um crescimento de apenas 2,4%, inferior àquele do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ou seja, o Brasil voltou a crescer abaixo da média mundial e abaixo da média da América Latina, embora o governo tenha tomado diversas medidas para estimular o consumo, mas não conseguiu, por enquanto, vencer o “pibinho”.

O fato, é que a desaceleração do crescimento econômico é um fenômeno mundial. Diversos analistas indicam que também a China e a Índia já começaram a desacelerar suas economias, que possuem desequilíbrios de diversas ordens. Na China, em 2013, teve início o declínio da população em idade ativa e dentro de 10 anos começa a diminuição demográfica, além de uma aceleração do envelhecimento populacional. Indubitavelmente, uma desaceleração da economia chinesa vai afetar todos os países em desenvolvimento.

Além disto, a poluição do ar das grandes cidades da China e a poluicão das águas do rio Ganges na Índia, aumentam o custo ambiental de maneira exponencial. A elevação do preço dos combustíveis fósseis e das commodiites, aliado à depleção dos recursos naturais e às mudanças climáticas está colocando um limite à capacidade de expansão econômica do mundo. O economista, Joseph E. Stiglitz, prêmio nobel de economia, disse que a grande ameaça para a economia mundial nas próximas décadas é o aquecimento global e as mudanças climáticas.

Tudo indica que a era do crescimento econômico acelerado está chegando ao fim. Ainda é cedo para se ter uma visão mais completa, mas o século XXI pode estar consolidando o caminho da redução continuada do ritmo de incremento das economias nacionais e internacional. O mundo vai ter que começar a pensar em uma situação sem crescimento ou até mesmo, em alguns casos, na até hoje impensável situação de uma economia com decrescimento.

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José Eustáquio Diniz Alves