Transição para a vida adulta


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O ciclo de vida natural da pessoas inclui o nascimento, as diversas fase do crescimento (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos) e a morte. Uma das etapas mais marcantes do ciclo de vida individual é a transição do jovem para a vida adulta. Este processo aparece como um fenômeno multidimensional, envolvendo: a saída da escola e/ou ingresso no mercado de trabalho e/ou saída da casa dos pais e/ou casamento e/ou formação de uma nova família e/ou nascimento do primeiro filho.

Em um passado não muito distante, existia uma espectativa de que a sequência das etapas do ciclo de vida começavam, especialmente para os homens, com a saída da escola, a entrada no mercado de trabalho, o casamento e a saída da casa dos pais e, por fim, o nascimento do filho.

Mas, atualmente, o processo de transição para a vida adulta se apresenta de uma maneira mais complexa, pois alguns jovens saem da escola, mas não entram no mercado de trabalho e não saem da casas dos pais, outros passam pela experiencia da gravidez na adolescência sem haver os laços do matrimônio e sem sair da casa dos pais e alguns se casam (em união legal ou consensual) antes de sair da escola e de entrar no mercado de trabalho, mas não formam um novo lar independente.

Estudos demográficos recentes mostram que os processos de transição para a vida adulta tornaram-se mais longos, heterogêneos e marcados por descontinuidades e rupturas, existindo um prolongamento da condição juvenil. Em parte, este prolongamento da juventude pode ser explicado pelo aumento da escolarização, pelas dificuldades de inserção em ocupações estáveis (especialmente dos homens jovens) e pela continuidade da condição de solteiro.

O aparecimento do conceito de ciclo de vida como instância explicativa da dinâmica demográfica decorre da ênfase na família como unidade de análise e como locus de decisão no que se refere a comportamentos ligados à reprodução, migração, consumo, educação, etc. Como mostrou Henriques e Silva (1980), a ligação entre família e ciclo vital “ocorre na medida que as famílias atravessam uma sequência de etapas características tais como o casamento, nascimento dos filhos, casamento dos mesmos e finalmente a dissolução da família pela morte de um dos conjuges ou por separação. Cada uma destas etapas tem implicações sócio-econômicas diferenciadas por exemplo no que diz respeito à habitação, consumo, atividades econômicas e outros”.    

Com o processo de transformação social e de diversificação dos modelos tradicionais de família, o estudo do ciclo de vida abarca, comumente, três fases que o indivíduo experimenta entre a chegada e a saída da vida: nascimento, casamento e morte. Entre o nascimento e a morte, pode existir uma grande possibilidade de situações incluindo o não casamento (heterossexual), outros tipos de uniões, os descasamentos, a manutenção da condição de solteiro, a infecundidade, migração, etc. Como mostraram Camarano, Leitão e Kanso (2006) as fases do ciclo de vida: “São marcadas, por um lado, por eventos biológicos, como puberdade, menarca, reprodução, menopaus, viuvez, senilidade, morte, etc.; e por outro, por eventos sociais, como formatura, primeiro emprego, parentalidade, casamento, aposentadoria etc. A delimitação das fases da vida depende dos momentos em que acontecem cada um desses eventos. Dado que eles variam no tempo e no espaço, é difícil precisar o início e o fim e cada fase”.

Contudo, mesmo considerando-se todas estas advertências, uma fase importante do ciclo vital começa com a entrada na primeira união. A idade média ao casar é um indicador importante dos padrões de nupcialidade e da constituição de chefes de arranjos domésticos. A idade média ao casar para o Brasil e Grandes Regiões, para o ano 2000, calculada a partir da proporção de pessoas solteiras de 15 anos ou mais de idade, tendo como referência a técnica SMAM (Singulate Mean Age of Marriage), desenvolvida por Hajnal (1953), permaneceu em torno de 24,2 anos entre 1980 e 2000. Para as Regiões a diferença não passa de cerca de meio ano para baixo ou para cima.

A idade média para a transição para a vida adulta tende a aumentar no Brasil, na medida em que crescem os níveis de escolaridade e se reduz o percentual de gravidez na adolescência. Cresce o número dos chamados “adultolescentes”. O impacto da segunda transição demográfica ainda é pequeno no país, mas tende a aumentar na medida que a população brasileira avança na conquista de maiores graus de cidadania.

Referências:
·    CAMARANO, A., MELLO, J. KANSO, S. Do nascimento à morte: principais transições. In: CAMARANO, A. A. (org) Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição. Rio de Janeiro, IPEA, 2006
·    HENRIQUES. Maria Helena F SILVA, Nelson do Valle. T Análise sobre Ciclo Vital através de parâmetro de nupcialidade: Estudo de contexto Latino-Americano. Anais do II Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Águas de São Pedro, 1980, v.2, p.665-688.
·    Network on Transitions to Adulthood. Disponível em:
http://www.macfound.org/site/c.lkLXJ8MQKrH/b.1009945/k.33C/Research_Networks__Network_on_Transitions_to_Adulthood.htm

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José Eustáquio Diniz Alves