A baguette e o sovaco, mitos e verdades


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Só porque a minha tia falou sobre o sovaco que carrega a baguette, volto a outro assunto. Porque essas ninharias íntimas são mais divertidas de comentar que as cagadas diplomáticas em série do Sarkozy.

Hábitos de higiene são contruções sociais. “Relaxamento” e “capricho”, pra usar a terminologia de uma expert, que é minha mãe, são noções bem relativas. Creiam em mim, recursos disponíveis, infra-estrutura, e ambiente (des)favorável nos ajudam a desvendar o o que os olhos vêem e o nariz sente.

Tout d’abord: l a baguette, se não vai embaixo do braço, não tem graça! Tem um papelzinho em volta que serve nos iludir que é suficiente e que é exatamente do tamanho da pegada da mão ou do sovaco da clientela. Eu tinha um vizinho que mandava a baguette pelo labrador… Vocês imaginam que o único jeito de um cachorro carregar um pão é mesmo na boca… Mas, aí, eu classificaria como um exagero não representativo da média.

Os americanos meio que desesperam. Mas, vejamos: luvas e contigente de mão-de-obra não combinam com a rotina das boulangeries. Assim, não espere ser atendido por um indivíduo e pagar a contra pra outro. Considere ainda, que esse mesmo trabalhador está sempre debordé, porque tem mais dois – sempre têm dois a mais dentro de qualquer boulangerie, clientes pra atender antes de ti. Não imagine que esse cara que pegará a sua baguette na prateleira cheia de baguettes – aberta, sem vidro, ou qualquer tipo de proteção, passará um ralo papelzinho na volta, receberá seu dinheiro, e lhe devolverá o troco, enfim, que ele use luvas ou qualquer outro paliativo higiênico.

Saindo da boulangerie, a lógica é de que o ar ainda é puro, ou que os maiores ainda comem os menores. E um saco que envolva a baguette, assim, por inteiro, seria neurose.

Outra das miserinhas cotidianas: cheiro de gente, que não usa perfume francês… É comum em ambientes fechados no inverno. E, às vezes, é desesperador.
Se eles não tomam banho, não sei precisar. Talvez não lavem roupas.

Estruturalmente, os apartamentos aqui não contam com tanques de lavar roupa, nem a sempre útil-tudo-de-bom: área de serviço. Não, nem os grandes apartamentos. Quer dizer, nem se tem o espaço pra fazer o serviço sujo…

Um causo contado por uma amiga que vive aqui ha mais de vinte anos: apartamento novo, ela reformou o banheiro, retirando o estendendor de roupas que ficava dentro do box (o box de tomar banho). A vizinha francesa veio olhar o resultado: mas tiraste o estendedor de roupa? No que, ouviu a lógica: claro, dentro do box, quando a gente toma banho, molha o que era pra secar… A vizinha autóctone não perdeu a linha: ah, lá em casa eu me organizo, quando a gente toma banho, no sábado, eu não lavo roupa.

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larissa bueno ambrosini