Férias ao Grêmio


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O que se faz em uma semana? Sete dias, geralmente, é um breve espaço de tempo em que dificilmente se concretizam projetos importantes na vida de uma pessoa ou instituição. Por exemplo, um indivíduo não consegue aprender um novo idioma em uma semana. Um relacionamento amoroso ou de amizade não se constrói em uma semana. Grandes contratos, fechamentos de negócios, costumam levar pelo menos trinta dias para serem devidamente analisados e posteriormente, concluídos. Mas para o Grêmio de Football Porto Alegrense, sete dias foi mais do que suficiente para determinar o final das atividades no primeiro semestre.

Na quarta-feira passada, no Estádio Serra Dourada, o tricolor perdeu pelo placar de 2×1 para o Atlético-GO. Quem? Atlético-GO. Nascido em 1937, tem o distintivo semelhante ao do São Paulo e as cores do uniforme idênticas ao do Flamengo. Esse é o Atlético-GO. Time que aplicou um dos maiores crimes da sua história e ainda não foi capaz de atualizar o seu site oficial contando isso.

Mas voltando à cronologia dos fatos. O placar de 2×1 foi muito comemorado, até porque o Grêmio perdia por 2×0 até quarenta e tantos do segundo tempo, quando Roger diminuiu. Sabe-se que esse placar, tratando-se de regulamento da Copa do Brasil, não é de todo ruim. É melhor do que perder de 1×0 e pior do que perder de 10×9. O Grêmio perdia a invencibilidade na temporada, mas não chegava a preocupar. Uma simples pane, que seria certamente revertida no Olímpico na quarta-feira seguinte.

Antes do jogo de volta contra o Atlético-GO, veio o Juventude. Dentro do Estádio Olímpico. Na primeira partida, em Caxias, vitória tricolor por 2×1. Ou seja, mais uma vez a famosa “filial” facilitava para a “matriz”. Mas não foi o que aconteceu no jogo da volta, no último domingo. Talvez porque os jogadores do Juventude não agüentassem mais os comentários de que contra o Grêmio o Juventude nunca conseguia boas atuações. Talvez porque o técnico Zetti injetou novo ânimo ao grupo. Talvez porque o grupo do Grêmio não fosse tão bom quanto se pensava. Ou talvez porque Celso Roth insistiu em escalar Nunes na primeira função do meio campo. De qualquer maneira, o Juventude deu um baile no Olímpico. Um baile. Daqueles buenos que rolam em Caxias, com galeto, vinho e sagu de sobremesa. Só que esse foi em Porto Alegre mesmo. O jogo acabou 3×2 para o Juventude. O Grêmio foi eliminado do Gauchão, e a torcida, indignada, pedia a cabeça de Roth e Pelaipe, técnico e diretor de futebol do clube, respectivamente.

Três dias depois desse vexame no Campeonato Gaúcho, o Atlético-GO voltou a aparecer na vida do Grêmio. Mas dessa vez o tricolor tinha tudo ao seu lado. A torcida compareceu ao estádio, o placar era relativamente simples a ser alcançado, e o Atlético –GO não existe. Dessa vez Paulo Odone, presidente do clube, não deixou espaço para as invenções de Roth e escalou o time. Nunes, coitado, nem no banco apareceu. E os primeiros minutos de jogo foram magníficos. Logo aos 4, Roger cavou com inteligência uma penalidade e a converteu em seguida, deixando o Grêmio classificado.

Mas ainda no primeiro tempo o Atlético-GO empatou, com bela cobrança de falta do goleiro Márcio. Na segunda etapa o Grêmio pressionou e alcançou o segundo golo com William Magrão, substituto de Nunes. Mas depois disso a bola insistiu em não entrar. Com o placar de 2×1, o mesmo do jogo de ida, vieram as penalidades. Tadeu foi o primeiro a perder para o Grêmio, em uma cobrança ridícula. Os goianos continuaram convertendo as suas cobranças. Os gênios Lindomar, Ari, Julinho e Márcio converteram. Robston nem precisou bater o último pênalti, já que Perea desperdiçou a última esperança tricolor com uma paulada na trave direita.

Festa goiana dentro do estádio Olímpico. E muito tumulto fora dele. Os torcedores lotaram o Portão 3 esperando a saída dos jogadores e comissão técnica. Os nomes de Roth e Pelaipe foram os mais homenageados. Carros de jogadores e dirigentes foram depredados. A Polícia atirou balas de borracha contra a torcida, teve confronto com batalhão de choque. Baixaria total.

É inadmissível que um clube como o Grêmio jogue tudo fora em uma semana. Há sete dias atrás o time estava invicto na temporada, franco candidato ao título Gaúcho e com um promissor primeiro semestre. Faltou pulso, faltou comando ao time, e principalmente ao Clube. E agora, simplesmente não existe mais primeiro semestre para o tricolor. Serão longos trinta e um dias treinando e jogando amistosos contra o Alvorada e o Flamenguinho de Erechim, de Robstons e Lindomares.

Esse é o momento da mudança. Roth e Pelaipe são figuras degradadas por esse momento triste que vive o Grêmio. Cabe à presidência avaliar essas posições e certamente alterá-las, para que se possa competir dignamente o Brasileirão e a Sul-Americana, que é o que resta ao Grêmio em 2008.

Mas além de treinador e dirigentes, é preciso também que o presidente avalie se o grupo de jogadores é realmente qualificado como se espera de um Grêmio. Não consigo enxergar em Paulo Sérgio, Pereira, Jean, Hidalgo, Nunes, Magrão, Júlio dos Santos, Rafael Carioca, Jonas, Tadeu, entre tantos outros uma mínima condição de vestir a camisa tricolor. Roger é um suspiro de lucidez nesse time de pernas-de-pau. É mais fácil culpar Roth e Pelaipe. É mais fácil trazer Tite ou Ivo Wortmann. Isso de fato é mais fácil. Nesse ritmo, de um treinador por mês, é mais fácil também ser rebaixado e voltar à segundona em 2009. Cabe ao Odone repensar todo o futebol do Grêmio. Tempo agora, é o que não falta.

 

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Guilherme Carravetta