Aquela música


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– Como é mesmo aquela música? – Que susto! Como é que você me acorda com um berro desse no meio da noite, Arnaldo? Quer me matar? Meu Deus! – (acendendo o abajur) Não consigo lembrar daquela música! – Que música, Arnaldo? Jesus! Olha aí, meu coração tá acelerado! – Aquela música, aquela que faz assim: tum, tim, tum. – […]

Themusiclesson Peterlely

– Como é mesmo aquela música?

– Que susto! Como é que você me acorda com um berro desse no meio da noite, Arnaldo? Quer me matar? Meu Deus!

(acendendo o abajur) Não consigo lembrar daquela música!

– Que música, Arnaldo? Jesus! Olha aí, meu coração tá acelerado!

– Aquela música, aquela que faz assim: tum, tim, tum.

– Jóia, agora que a gente eliminou todas as músicas que não fazem tum, tim, tum, restam apenas vinte e sete mil quatrocentas e doze. Me deixa dormir, Arnaldo!

– Mulher, aquela música sobre a menina e a alma dos antepassados.

– Não curto música indígena.

– Música indígena nada. Faz assim tum, tim, tum. A menina tá assustada, no escuro…

– Porque o marido dela acordou ela com um berro no meio da noite, perguntando sobre uma música?

– Será que dá pra você me ajudar? Nunca mais vou conseguir dormir se não lembrar dessa música!

– Arnaldo, com tum, tim, tum, se pode compor desde o Hino Nacional até uma obra de Unsuk Chin. Parabéns pra você leva tum-tim-tum, Arnaldo. Como é que você quer que eu adivinhe a música? Ela tem gênero, pelo menos?

– Feminino.

– Gênero musical! É funk, axé, pagode ou é música propriamente dita?

– Já disse: tum, tim, tum. Música eletrônica. Bossa nova eletrônica, pra ser mais exato.

(cantando) “Dia de luz, festa de sol, o barquinho a deslizar, tum, tim, tum, no azul do mar…”

– Muito engraçada, você. É uma música recente. E é sobre essa infeliz, essa desgraçada dessa menina, que tá sozinha com o fantasma, parece, e…

– Fantasma? O herói?

– Não, um fantasma qualquer. Então…

– O Gasparzinho?

– Dá pra você ficar um minuto em silêncio? Juro que não dói.

– Eu pretendia ficar oito horas em silêncio, antes de você me acordar.

– Tudo bem, pode voltar a dormir. Eu fico aqui, com minha insônia, minha amnésia e um princípio de concussão…

– Ô Bunjunjunguinho! Vem, eu vou te ajudar. Afinal, o mecanismo de expansão do universo depende dessa descoberta tão importante, sem falar nas inúmeras supernovas que deixarão de existir caso ela não se concretize. Bom, você tem essa abilolada dessa menina, o fantasma, o escuro…

– Lembrei! (cantando) “Eu tenho medo do escuro, tenho medo do inseguro, dos fantasmas da minha avó”, tum, tim, tum.

– “Voz”.

– “Dos fantasmas das minhas vós”, tum, tim…

– Voz, emissão sonora, Arnaldo. “Fantasmas da minha voz”.

– Ahn… Faz sentido. Eu sempre me perguntei por que a avó dela tinha mais de uma alma. Pensei que a compositora fosse taoísta…

– Satisfeito por ter lembrado dessa genial canção? Agora, por favor, desliga o abajur e vamo dormir.

(cantando) “Dos fantasmas da minha voz…” (Desliga o abajur e se cala, satisfeito. Vinte minutos depois, torna a ligá-lo.)

– Que foi agora, Arnaldo?

– Não consigo tirar a porcaria da música da cabeça!

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Marconi Leal