Quis custodiet ipsos custodes?


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Houve quem julgasse impossível, mas a adaptação cinematográfica de Watchmen finalmente estreou em todo o mundo. Veja o que o colunista de quadrinhos do OPS! tem a dizer sobre o filme.

O consenso geral era de que um filme de Watchmen simplesmente não poderia ser feito.

Terry Gilliam, ex-integrante do Monty Python e cineasta visionário, passou anos debruçado sobre o projeto até desistir de realizá-lo, alegando que "Watchmen é infilmável". A obra-prima de Alan Moore e Dave Gibbons era considerada uma espécie de Se um Viajante numa Noite de Inverno dos quadrinhos: tendo sido criada para explorar as particularidades de uma mídia específica, não teria como funcionar fora dela.

Roteiros para uma possível adaptação percorreram Hollywood por quase 15 anos, até que o diretor Zack Snyder resolveu pegar o touro pelos chifres. E, se não conseguiu a proeza de fazer um filme à altura, o diretor de 300 se saiu muito bem.

Snyder merece crédito por não ter cedido à pressão do estúdio para modernizar a história, encaixando-a na "América pós-Bush" ou outra bobagem na mesma linha. Watchmen pertence à paranóia da Guerra Fria, e é lá que deve ficar. Mesmo tendo sido feito em 2009 e com efeitos especiais inegavelmente atuais, o visual do filme é tão oitentista quanto possível. Quem duvida que olhe para o Coruja II / Dan Dreiberg (Patrick Wilson, num papel que era publicamente desejado por John Cusack)

Usando a mesma fidelidade ao material original, ainda que com liberdades não-comprometedoras, que caracterizou sua adaptação da obra de Frank Miller, Snyder chegou muito, muito perto de fazer o filme perfeito de HQ. Os fãs reclamarão da narrativa excessivamente fragmentada durante quase metade do filme e de mudanças aqui e ali, mas quando finalmente coloca todas as peças no lugar e se dedica a um plot central a história se desenvolve bem. OK, o final é diferente da versão dos quadrinhos, mas faz até mais sentido do que a versão de Moore. (Só não deixem o barbudo de Northhampton ouvir isso…)

Outro destaque do filme é a trilha sonora. A música, sempre tocada num volume muito acima do que nos habituamos no cinema, exerce um papel importante em Watchmen. Mais do que preencher o silêncio em determinados momentos, ela serve de complemento para o que vemos na tela. Difícil pensar numa música melhor que The Times They Are A-Changin‘, de Bob Dylan, para acompanhar a abertura, umas das mais bem sacadas da história recente do cinema. O My Chemical Romance conseguiu ganhar meu respeito (não muito, mas ganhou) com uma versão paulada de Desolation Row, também de Dylan. E só mesmo a mente ensandecida de Zack Snyder para fazer uma cena de sexo ao som de Hallelujah

E Malin Ackerman é alucinantemente bonita. Mas isso vocês já sabiam.

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Tiago Andrade