Música Mais By Marlon Marques Da Silva / 04/03/2013 Share 0 Tweet Sibylle Baier é uma cantora alemã de folk, de voz de anjo quase mórbido. Sua voz às vezes pode parecer monótona para os marinheiros de primeira viagem, mas é de uma qualidade e doçura incríveis. Seu disco de 2006 “Colour Green” é um achado perdido dos anos 70. O mais interessante é que esse belo disco só ganhou o mundo 30 anos depois. Sibylle cresceu na Alemanha dos anos 50 [pós-guerra], e sua vida era cercada por uma incrível monotonia. Até que Baier fez uma viagem para fora da Alemanha – por extensão de seu mundo, e isso muda sua vida. Ao voltar Baier compõe “Remember The Day”, e essa que deveria ser apenas uma canção particular/familiar, tornou-se a primeira de uma série. As canções foram registradas em um gravador caseiro antigo e assim dessa forma despretensiosa, o disco foi guardado e devidamente esquecido, talvez como algo que devesse se envergonhar. O fato é que seu filho Robby decidiu lançar o disco, e assim o mundo conheceu esse clássico acidental – nas palavras de Michelle Aldredge. Só para se ter uma noção, gente do calibre do diretor Wim Wenders [aliás, Baier trabalhou no filme Alice nas Cidades desse diretor] e J. Mascis [Dinosaur Jr.] são fãs da cantora, portanto algo de especial ela tem. E o que de especial ela tem? Primeiro a coragem de gravar um disco sendo uma “amadora”. Segundo, a extrema sensibilidade e candura do seu toque no violão e em sua voz. Terceiro, a simplicidade. Não há músicos de apoio, efeitos de estúdio, sobreposições, etc., é Sibylle e seu violão, numa troca íntima, ímpar, única. Segundo observa Aldredge, Baier consegue ser tão genial que consegue falar de tortas de maça e pão com manteiga no café da manhã em família e citar T.S. Elliot. Sua simplicidade toca direto as pessoas porque ela fala coisas que todos passam, compartilha sentimentos que todos tem – mesmo que não admitam. Colour Green é nostalgia. É um disco que soa velho, que parece velho, que é velho. A capa é magistralmente composta com uma textura algo sépia, mostrando Baier de olhos fechados respirando o ar fresco do campo. Ao fundo uma paisagem agreste, triste, profunda. Esse é o tom do disco, oscilando entre Nick Drake e Leonard Cohen – comparação feita por tyme-machine.blogspot.com. As canções “Tonight” e “Softy” são muito parecidas, mas igualmente maravilhosas, porém são diferentes um pouco da ótima “William”. Sibylle passa para o ouvinte uma angústia, algo de saguão de hospital, um clima de velório, o maroonbible.blogspot.com a definiu como uma cantora “assombrosamente bela”. Mas há construções elaboradas como em “Driving” e “Remember The Day” [a pioneira], onde se ouve bem sua voz, mais solta, sobreposta ao seu lânguido violão. “Colour Green” fala do estranhamento da cidade, e do devir da vida. O choque do mundo do interior, da vida simples, de poucas pretensões e de como a informação pode ter seu lado maligno – talvez abrir os olhos para um mundo cruel e real?. Sibylle canta com uma bela emoção contida – a faixa título nos passa uma sinceridade absurda, impressionante. O resto do álbum é isso, o mesmo folk simples, cativante, emotivo, e como bem descreveu o orangetwin.com: “retratos íntimos de beleza triste e frágil da vida”. Enfim, um disco imperdível. Sibylle Baier – Colour Green (Orange Twin, 2006). Compartilhe isso:Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)MaisClique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Pinterest(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Skype(abre em nova janela) Relacionado