As conclusões de uma entrevista numa sala de sexo virtual


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Depois de publicar a entrevista veio a pergunta: E as conclusões, Sandra?
Estão aí. Falo um pouco sobre voyeurismo, traição na net, o que alguns psicólogos acham sobre o assunto e minha própria opinião. Para quem é casado e faz uso das salas de chat, esta é uma ótima oportunidade para ler e tentar descobrir se realmente vale a pena investir nesse tipo de aventura, que pode dar uma dor de cabeça muito grande…

Há inúmeras possíveis polêmicas que este assunto pode criar. Fui dar uma espiada na rede para ver o que encontrava sobre o assunto. Alguns textos em sites universitários, uma reportagem da revista Veja, um site de quem já foi traída contendo seu depoimento pessoal, vinganças (gentilmente cedidas por leitores traídos), depoimento de quem já foi traído, quem quer trair, tudo com muito humor.

 

O começo

Porém, nem sempre é com humor que as pessoas enfrentam este tipo de problema. Vocês falarão: é um assunto delicado, pois não há contato físico, o que não caracteriza traição. Certo! Mas é certo também que o envolvimento entre as pessoas, com o advento da internet, e conseqüentemente os chats, abriu uma porta imensa para uma traição soft, light. Não há contato físico, mas há “relacionamento”, uma abertura que não temos, às vezes, frente a frente. Os problemas chegam quando as salas de bate-papo tornam-se indispensáveis para quem as freqüenta. E pioram quando os freqüentadores possuem algum tipo de relacionamento real (namoro ou casamento).


Voyeurismo

Mostrar órgãos genitais para desconhecidos(as) através de webcams como Decilioso_SP faz constantemente, nada mais é que um voyeurismo, superior ao que ele chama de interação com outras mulheres. Além do mais, recai sobre ele o ônus de um casamento, que pode ser desfeito tão logo sua esposa descubra. E ela, em minha opinião, teria motivos de sobra para terminá-lo.

Já no caso dos solteiros, há sempre a explicação de que a internet vence a timidez, a preocupação com a aparência e ansiedade que, num encontro real, são as primeiras impressões que temos de outra pessoa. Mas, será que vale a pena suprimir da vida um beijo, um abraço, um dormir agarradinho pelo anonimato? A masturbação constante pela falta de contato físico e um prazer sexual muito maior e pleno?

Traição ou Não?

Se ainda não houve contato físico vale a alegação de que não houve traição. Ou houve? De acordo com a psicóloga brasileira Beatriz Ávila Mileham, da Universidade Santa Clara, Califórnia "falar que não teve relação sexual é sempre uma boa defesa. Mas é grave dividir uma parte significativa da vida emocional com alguém e criar um vínculo que exclua o marido ou a mulher. Esse costuma ser o primeiro passo para a traição”. Pegando carona na revista, outro parecer também acolhe que traição pela internet é altamente maléfico ao relacionamento conjugal existente. De acordo com o psiquiatra Ronaldo Pamplona da Costa, da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana “a infidelidade emocional, ou branca, tem um potencial tão devastador para afetar uma união quanto se um dos cônjuges tivesse sido pego na cama com outra pessoa".

Compartilhar idéias não é trair. Amizade não é, de forma alguma, traição. Nem que seja pela Net. Mas o ultrapassar a tênue linha entre amizade de dois íntimos desconhecidos e a atração sexual que pode surgir, isso sim, é problema. E isto afeta realmente o relacionamento. Geralmente, o ser “traidor” passa muito mais tempo frente a seu PC, utilizando-o nas madrugadas ou no trabalho, quando o ser “traído” está dormindo ou longe. Acaba se afastando do convívio para ficar mais perto do seu elo e, conseqüentemente, conectá-lo ao seu objeto de desejo.

E é assim, num distanciamento, que o parceiro pode desconfiar. E da desconfiança para a certeza, nos tempos de hoje, o update é em banda larga! Hoje há uma série de programas de computador para todos os fins e bolsos capazes de grampear mensagens e replicá-las para outras pessoas. Há programas que podem ser instalados em seu computador pelo cônjuge por módicos R$ 2.000,00 enquanto você está fora e pronto! O próprio escritório de investigação pode monitorar tudo.

Mas que não se enganem ao pensarem que o uso de “violação de privacidade” protege de uma separação. Uma cópia de e-mail ou uma listagem de uma conversa no MSN, salva no histórico, pode ser qualificada, perante um juiz, prova de um “quase-adultério”.


Reavaliar e incrementar o relacionamento

Bom, se as conversas no MSN já estão na mesa do juiz, é público e notório o fim. Mas será que o fim foi mesmo a rede? Para os especialistas, o que move o ser humano para esta busca por sexo cibernético está em testar seu poder de sedução e conquista. Mas uma pessoa com um relacionamento estável precisa disso? Sabemos que, depois de algum tempo juntos, as seduções e conquistas começam a rarear, pois os problemas de como pagar as contas, filhos, a doença de algum parente, cansaço após um dia de serviço e vários probleminhas menores, inclusive o próprio morar junto e ter ali, sempre à mão, acabam com o tesão que havia no início do relacionamento. O que precisamos é investir no relacionamento. Seduzir. Conquistar a mesma pessoa. Sempre e de formas diferentes.

É preciso haver diálogo entre o casal. Conversar! Pesar os prós e contras. Entrar num acordo. Pesar se vale a pena continuar. Vigiar… Vigiar? Se você conversar com o psicanalista Alberto Goldin, autor do livro Histórias de Amor e Sexo, você receberá a seguinte resposta: "Ler mensagem, vigiar conversa, nada disso funciona. Não se consegue entrar na cabeça do outro. É lá que mora o desejo. E isso ninguém nunca vai conseguir localizar".

E, depois disso tudo, você ainda vai entrar num chat de sexo?

Fonte: Revista Veja Online

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Sandra Pontes