Entendendo o fator de corte das SLRs digitais


Warning: array_rand(): Array is empty in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 280

Notice: Undefined index: in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 281

Quem entra no mundo das câmeras SLR digitais logo ouve falar no fator de corte – em inglês, crop factor. As dúvidas do fotógrafo a respeito desse misterioso número não tardam a surgir. O que vem a ser o fator de corte? De que modo ele é calculado? Existe algum fator de corte ideal? Qual a diferença prática que se observa entre câmeras com diferentes valores para o fator de corte? Todas as câmeras de um determinado fabricante têm o mesmo fator de corte?

Em qualquer câmera fotográfica, a luz atravessa a objetiva e forma um cone de luz que se projeta sobre o meio sensível – filme ou sensor. Deixando de lado as poucas SLR de médio formato, o filme ou cromo dos equipamentos analógicos tem a medida de 36 por 24 milímetros. Ainda que imprecisa, daí a denominação “SLR de 35 milímetros”.

Em uma SLR digital, a óbvia e maior diferença é a substituição da película fotossensível por um sensor digital. Porém, o projeto e a fabricação de sensores de medida similar à de um negativo de 35 milímetros ainda são complicados e caros. A solução encontrada pelos fabricantes para essa situação foi a adoção de sensores de medida menor que os até então padronizados 36 por 24 mm.

Ou seja: as SLR digitais eram (e são) bastante semelhantes às SLR 35mm analógicas, valendo-se ainda, em absoluto, das mesmíssimas objetivas. Deste modo, a primeira conseqüência prática do uso dos sensores menores é o aproveitamento de uma menor área do cone de luz projetado pela objetiva sobre o sensor. Observem a ilustração.
Fator de corte
Neste pôr-do-sol, o enquadramento completo representa a área de um negativo de 36 por 24 milímetros. Os interiores dos retângulos vermelho e azul correspondem, respectivamente, às áreas dos sensores da Canon 1D-III e Canon 40D. Com a mesma objetiva, sendo o tamanho do sensor a única variável, é fácil observar as conseqüentes alterações do campo de visão. Na prática, a diminuição isolada do tamanho do sensor equivale ao aumento da distância focal da objetiva; as lentes ficam mais “longas”, potencializando-se as teleobjetivas em detrimento das grande-angulares, estas prejudicadas pelo corte das bordas do cone de luz, o que diminui o ângulo de visão.

Assim, o fator de corte nada mais é que um número puro que indica o quanto a distância focal de uma objetiva é potencializada em relação ao antigo padrão do fotograma de 36 por 24 milímetros. Esse número é obtido por uma conta bastante simples, feita a partir do tamanho do sensor. Exemplificando, o sensor da Canon 40D mede 22,2 por 14,8 mm. Dividindo-se os 36mm (antigo padrão) por 22,2, encontramos como resultado 1,62 – por comodismo, arredondado para 1,6x. Do mesmo modo, uma lente de 50mm montada em um corpo Canon 40D proporcionará o mesmo ângulo de visão de uma 80 mm (50mm multiplicados por 1,6) montado em um corpo analógico de 35 mm.

Algumas SLR dispõem de sensor de 36 por 24 mm – ditas “full frame”, quadro cheio, invariavelmente câmeras profissionais caríssimas. Nestas, o ângulo de visão obtido é similar ao dos corpos analógicos de 35 mm, o que torna as SLR full frame especialmente indicadas para usuários de grande-angulares. O design destes grandes sensores proporciona baixíssimo nível de ruído e uma maior tendência a bordas escuras (a luz incide sobre os cantos do sensor em ângulos mais inclinados, dificultando o aproveitamento da informação luminosa). Exemplos de câmeras full frame: Canon 1Ds (todas), Canon 5D, Nikon D3.

Porém, as full frame são uma minoria entre as SLR. Fatores de corte entre 1,5x e 1,6x são os mais comuns:

1,3x : Canon 1D (todas).
1,5x : Todas as Nikon, Pentax, Samsung, Sony, Minolta, Fuji (exceto Nikon D3).
1,6x : Canon (todas, exceto 1D, 1Ds e 5D).
2,0x:  Todas as Olympus e Panasonic.

Entre as vantagens da existência de um fator de corte, além da potencialização da teles, devemos considerar uma menor tendência a bordas escuras, e um aproveitamento da melhor parte do cone de luz (as bordas do cone de luz costumam ser menos nítidas e mais escuras). Perde-se esta última vantagem ao se utilizar lentes menores e mais leves, específicas para esses corpos de sensores menores, com desenhos que proporcionam cones de luz mais delgados, na medida certa para esses pequenos sensores. Como exemplos, temos as objetivas Canon EF-S, que não servem nas Canon full frame; ou ainda o sistema “four-thirds” das Panasonic e Olympus, que proporciona corpos e objetivas extremamente portáteis de tão diminutos. Entre as desvantagens da existência do fator de corte, além do já citado sub-aproveitamento das grande-angulares, as maiores profundidades de campo e a maior tendência ao ruído, decorrentes do uso de sensores menores.

O que é melhor? Obviamente não existe um fator de corte ideal. Para cada situação específica, é necessário levar em conta as vantagens e desvantagens de cada uma dessas opções. Grosso modo, a existência de fator de corte é útil para fotógrafos de natureza e ruim para fotógrafos de arquitetura. De todo modo, uma escolha consciente implica que se analise não apenas os corpos disponibilizados por cada fabricante, mas também os conjuntos de lentes disponíveis.

About the author

Ricardo Montero