Liberdade e segurança


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Este ano eu adotei uma gatinha, a Betinha, filha de uma gatinha da vizinhança, a Beth. Ela chegou bem arisca, se escondia debaixo dos móveis, evitava os humanos da casa, mas quando a gente chegava perto, ela deixava que a pegasse. Moro numa casa, e mantínhamos as janelas fechadas para que ela não saísse até que fosse castrada, porque sei o quanto é difícil arrumar donos para filhotes de gato, e não tenho pretensão de me tornar o “velho dos gatos”.
Depois de 8 meses, ela foi finalmente castrada, e ganhou a liberdade. Eu ganhei uma casa mais ventilada, pois já não aguentava mais aquela casa toda fechada para a gata não sair. No início, ela saía e só voltava à noite, sumia pelo bairro. Logo deve ter percebido que não tinha muita diferença a rua de cima ou a de baixo, e se estabeleceu mais próxima de casa, ficando muito tempo no jardim ou brincando com a gatinha do vizinho, a Pretinha, que é mais velha e mais ágil. Elas se divertem correndo uma atrás da outra, trepando em árvores, caçando calangos ou simplesmente dormindo uma ao lado da outra pegando um solzinho.
Uma noite um vizinho me ligou avisando que viu os cachorros de outra vizinha, que estão sempre soltos na rua, arrastando um gato. Corri para ver se era a Betinha, mas não consegui ver nada. Chamei por ela, e não obtive resposta, e geralmente ela mia quando chamo. Minha filha foi na casa do outro vizinho e ela estava lá, brincando com a amiga Pretinha. Um grande alívio, e a vizinha não encontrou nenhum gato no seu quintal, o que deve significar que o gato conseguiu escapar dos cachorros.
Comentei sobre esse susto com algumas pessoas e várias aconselharam que eu a mantivesse presa em casa. Eu discordo desse conselho. Mantê-la presa tira a sua liberdade de correr, pular janelas, pular muros, comer matinho, rolar no chão da varanda (ela só rola fora de casa). Por outro lado, fica exposta aos cães da vizinhança, a pegar pulgas e carrapatos ou até doenças mais sérias. Com certeza, Betinha é muito mais feliz sendo uma gata que pode brincar ao ar livre do que poderia ser sendo quase um bichinho de pelúcia pra gente ficar acariciando o pelo enquanto assiste TV.
Refletindo sobre essa situação, concluí que esse é o dilema dos pais na educação de seus filhos: como conciliar liberdade com segurança? Depende do medo dos pais, do grau de violência a que estamos expostos em cada cidade, das possibilidades de diversão que nossos filhos podem dispor e do grau de segurança dessas atividades.
No mundo todo a violência tem aumentado, mesmo cidades consideradas seguras, como Londres, têm vivido ondas de crimes que assustam seus moradores, gerando novos hábitos, geralmente com menos atividades à noite na rua. Os jovens sentem a necessidade de estar em grupo com outros jovens, e essa insegurança faz com que os pais limitem essa liberdade. Não se trata de permitir tudo, afinal ninguém tem liberdade total, mas de buscar um equilíbrio entre ela e a segurança. Evitar horários e lugares que ofereçam mais riscos, sim, mas buscar alternativas para que os jovens possam desfrutar da companhia de seus amigos. Reuniões nas casas dos colegas já diminuem bastante o risco das ruas.
Acredito que, assim como Betinha, nascemos para ser livres e felizes, e isso é possível, sem descuidar da segurança. Que busquemos a medida justa entre segurança e liberdade!

About the author

Marcelo Guerra

Sou médico, apaixonado por cinema e TV. Na época do vestibular, minha dúvida até o último momento era entre estudar medicina ou cinema. Fiz a escolha certa para mim, porque pude manter meu amor pelo audiovisual no nível da experiência e prazer, e não do estudo formal. http://terapiabiografica.com.br/blog

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