Turquia: entre o Ocidente e o Oriente


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A Turquia está exatamente no meio do caminho entre o Ocidente e o Oriente. Istambul ocupa os dois lados do estreito de Bósforo e é uma cidade que se expraia por dois continentes. A maior cidade da Turquia foi fundada em 667 a. C. pelos gregos (o colonizador Bizas) e era conhecida por Bizâncio. Mas estando na confluência da Europa com a Ásia, a cidade foi conquistada e governada pelos Lídios, Pesas, Atenienses e Macedônios.  Alexandre o Grande passou por Bizâncio. A cidade de Tróia fica ao lado. Depois Bizâncio foi conquistada pelos Romanos. Tres séculos depois do início da Era Cristã, o imperador Constantino (324-337) transformou a antiga Bizâncio em capital do Império Romano, rebatizando a cidade de “Nova Roma”. Mas ela ficou conhecida mesmo por Constantinopla.

Mais de mil anos depois de uma rica e conturbada história, Constantinopla foi conquistada pelos Otamanos em 1453 e passou a se chamar Istambul. A conquista de Constantinopla pelos Otomanos é o fato considerado o início da época Moderna. Na verdade, a perda de Constantinopla pelos Europeus rompeu com o fluxo de comércio com a Ásia. Isto forçou à busca de uma novo caminho para as Índias. Daí vieram as grandes navegações e o descobrimento da América. Enfim, por esta cidade histórica passaram grandes líderes mundiais, grandes imperadores, grandes religiosos e grandes cientistas, etc.

Acabo de voltar de uma viagem a Istambul, onde fiquei uma semana e pude visitar seus monumentos e conhecer a agitada cidade (inclusive com enormes engarrafamentos de carros) e o modo de vida de seu povo, assim como compreender um pouco mais a situação atual da Turquia no mundo.

A Turquia é um Estado laico desde a revolução promovida por Mustafá Kemal Attatürk, logo após o fim da I Guerra Mundial. Quando o carismático primeiro-ministro Erdogan chegou ao poder, em 2002, fez do ingresso da Turquia na União Europeia sua meta principal. Seu Partido Justiça e Desenvolvimento, de inspiração muçulmana, tem enfrentado dificuldades para melhorar os direitos das minorias e reduzir as restrições à liberdade de expressão. Existem resistências para colocar a Turquia mais perto dos usos e costumes do Ocidente.

Uma questão chave seria a entrada da Turquia na União Européia. Seria um teste decisivo na integração do continente pois a Turquia é um país muçulmano com 73 milhões de habitantes, em 2010, e deve chegar até 90 milhões, em 2040. Seria, portanto, o país mais populoso na União. Diversos líderes europeus, principalmente de origem católica, se manifestaram contra a entrada da Turquia. Porém, a entrada da Turquia na União Européia seria o teste decisivo, pois se considerava que a economia turca poderia ganhar muito participando de um mercado muito maior. Sempre acreditei que a entrada na Turquia na União Européia seria bom para ambos.

Porém tudo mudou com a crise européia de 2008 e que se agravou em 2011. A União Européia está em frangalhos, com possibilidade de implosão e com um possível fim da moeda comum, o Euro. Concomitantemente, a Turquia tem apresentado taxas de crescimento elevadas, em torno de 8% em 2010 e 2011. Segundo pesquisas de opinião, em 2004, 73% dos turcos achavam que o ingresso na União Européia seria uma boa opção, contra apenas 38%, em 2010.

Ou seja, com a crise européia a Turquia se volta para a Ásia, que é a região do mundo de maior crescimento econômico. Como a Turquia tem grande influência no Oriente Médio isto pode ser um fator de interesse para a China e a Índia. Ou seja, a tomada de Constantinopla, em 1453, foi o início de um novo caminho para as Índias. Agora, no século XXI, a não entrada da Turquia na União Européia, pode ser o reforço para o continente asiático. A perda da Turquia pelos europeus pode ser um ganho para os asiáticos (especilamente China) e mais um passo para a mudança na hegemonia econômica do mundo.

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José Eustáquio Diniz Alves