Hipocrisia, um pouco de exposições de arte e demônios sociais


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Difícil não se manifestar sobre o polêmico caso da exposição de arte recentemente alvo de manifestações.

A imagem acima, publicada pelo canal Globo News, a partir de uma pesquisa feita pela Fecomércio/RJ, mostra a situação do Brasil no que diz respeito a alguns hábitos culturais.

Chama a atenção o fato de que a visita à exposições de arte encabeça a lista do que os brasileiros não fazem. Não conheço o teor da pesquisa para saber se não está adstrita ao estado do Rio de Janeiro (e a Globo aproveitou para colocar no título “brasileiros”) ou se realmente foi feita em todo o Brasil.

Mas vamos supor que sim, ou seja, ela pode ser aplicada à cidade de Porto Alegre. Considerando uma população de 1,5 milhão de habitantes, significa dizer que o público potencial de visitantes da exposição seria de, no máximo, 112.500 pessoas. Vamos tirar uns 50%, que seriam os que, mesmo tendo o hábito de frequentar exposições de arte, ou não se interessaram pelo tema (como eu) ou por alguma outra razão qualquer não puderam ir.

Restam 56.250 pessoas. Meia dúzia de manifestantes conseguiram impedir essas pessoas de visitarem a exposição.

Mas não foi esse o maior problema. A questão central é que eles trouxeram para o palco alguns milhares de silenciosos do grupo que NÃO costumar ir a exposições de arte. Gente que, SEM TER VISTO com os próprios olhos, começou a reverberar as manifestações. Gente que vendo algumas imagens divulgadas na mídia já saiu a campo exorcizando os demônios sociais.

Colocaram à mostra que não passam de conservadores enrustidos, para dizer o mínimo. Gente que finge aceitar as diferenças, mas desde que elas apareçam bem longe deles. Que sejam imagens do Louvre, tudo bem, mas não podem ser produzidas por pessoas pelas quais eles podem cruzar nas ruas.

Gente incapaz de aceitar, mesmo não frequentando exposições, que outras pessoas possam se manifestar. Gente incapaz de pensar “não me interesso por isso, então não vou”. Mas há que colocar os podres para fora; há que mostrar que foram conduzidos por meia dúzia de manifestantes que estavam fazendo uma única coisa: CENSURA.

Não houvesse a manifestação e a exposição teria terminado sem problema algum. E muitos dos INDIGNADOS sequer teriam sabido da sua existência.

A hipocrisia solta seus anjos sociais contra os demônios.

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Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Apenas o que hoje chamam de um idoso. Parodiando Einstein, só uma coisa é infinita: a hipocrisia. E se você precisou saber meu "currículo" para gostar ou não do que eu escrevo, pense bem, você é sério candidato a ser mais um hipócrita!