Não é só macho que tem problema, não!

Se você acha que só os homens têm problemas de disfunção sexual, entre e descubra o “outro” lado…

Tenho esperança de que, um dia, esse sistema patriarcal e machista dê espaço às mulheres e suas disfunções sexuais. Diosanto! Isso não é – NÃO É – o início de discurso feminista, forrado de frases de efeito moral, queima de sutiãs ou greve sexual. Ok, ok… Vamos começar novamente.

Todas as manhãs, os telespectadores paulistanos do jornal que dá “bom dia” ao Brasil, são presenteados com a propaganda de uma clínica para homens que têm “problemas com ejaculação precoce e ereção”. Concordo. Já disse aqui que nada mais broxante que o “bichinho” não subir ou, então, adotar o estilo coelhinho: “vai ser bom, não foi?”. Mas propaganda massiva para elevar o… Moral masculino (???) não deixa de ser machista e patriarcal, gerando a sensação de que basta o homem conseguir manter o “mastro armado” e tudo se resolve.

Ledo engano. A grande maioria dos homens e uma boa parte das mulheres desconhecem um inimigo tão poderoso quanto o masculino, que afasta, inviabiliza ou mata qualquer forma de relação sexual.

Quem é esse monstro? Ele atende por um nome bem, digamos assim, direto: vaginismo (ainda bem que homem não tem “penismo”). Não vamos confundir com dispareunia, doença de fundo orgânico, que causa dor na penetração e durante a relação. A dispareunia é geralmente causada por inflamação ou infecção genital que, se tratada, anula as dores. Mulheres na menopausa que possuem baixa lubrificação, podem também sentir estas dores e, com reposição hormonal ou lubrificante, tipo KY, o problema está resolvido.

O vaginismo, porém, é muito mais complicado e, na grande maioria dos casos, possui vértices psicológicos. Na verdade, esta É a causa do mal.

O que é, então, o vaginismo? Contração da vagina diante da tentativa de penetração de qualquer parte do corpo ou objeto. Sim. Dedos, língua, vibradores, absorventes internos, espéculos (objeto extremamente desagradável, gelado e incômodo utilizado pelo ginecologista para exame vaginal e coleta de material para exame de papanicolau), ou seja, tentou entrar, a xaninha barra!

O mal é causado por inúmeros motivos, dentre os quais podemos destacar a educação repressora de certos segmentos sociais, estupro, dificuldade em manter um relacionamento, autoritarismo ou ansiedade (leia-se fobia, mesmo!).

A penetração só “desliza” quando estamos lubrificadas, molhadas, excitadas. Com todos os monstros do parágrafo acima, não há lubrificação. Sem lubrificação a penetração torna-se extremamente dolorosa. Para ambos. Sua falta causa dores e escoriações não visíveis, tanto na mulher como no homem, o que causa afastamento entre os parceiros. Muitas vezes o sintoma de vaginismo pode ser confundido com frigidez – falta de desejo sexual – exatamente pela não demonstração de excitação. Se, para o homem, o pênis ereto nos mostra claramente a vontade de fazer sexo, o vaginismo pode ser confundido com total falta de tesão.

E aí é que os problemas acontecem. O homem, sem saber o que fazer, acaba se afastando. A mulher, por sua vez, considera-se inapta a satisfazer o homem, fechando-se mais anda, causando mais dor a cada tentativa infrutífera de ter um bom relacionamento sexual.

– Puxa, Sandra… Você só mostrou o lado ruim. E o bom para mim, mulher?

O bom? Que há tratamento, sim! Terapia e acompanhamento psicológico – tanto individual como para o casal – são amplamente benéficas para a cura. E, se seu parceiro for realmente “parceiro”, ele pode ajudar. Mas, primeiro, você. Já leu meu artigo inaugural do OPS? Aquele sobre masturbação? Então… Compre um bom lubrificante, relaxe e descubra seu corpo. Quando sentir que está pronta para dividir estas sensações, chame seu parceiro para brincarem, sem penetração. Até que você mesma compreenda que a hora do “pega” chegou, afinal, de nada adianta tanto investimento, tratamento e apologia ao “mastro armado” se ele não tem a “bandeira” para desfraldar!

About the author

Sandra Pontes