Caracóis

uma casa no meio do nada…
um apartamento numa grande megalópole…
uma ruela silenciosa com pequenos sobrados…
um bangalô na beira da praia… qual o seu lar ideal?

 

além da casa de todos nós – o mundo, é difícil encontrar um lugar para chamar de lar logo que nos lançamos à esta penosa atividade, quando adultos jovens. pequenos, temos a segurança e proteção de um ninho: o carinho dos cuidadores, a comida sempre quente na mesa, as roupas limpas e o afeto generoso. um pouco maiores, a dúvida sobre o afeto (in)condicional – que nos serve sem pedir "nada" em troca, nos faz querer sair de casa o mais rápido possível. mas será mesmo que é preciso sair de casa pra encontrar seu lugar?

a.casa.lar começa hoje se propondo ao simples: dialogar sobre o prazer de estar em casa. não pretendo ser a ditadora das mais novas modas do estar em casa, muito menos decorar seu apartamento ou cabana com o design mais fashion da estação. a intenção por aqui é mostrar que lar, casa – acasalar, é estar em plena harmonia com aquele displicente ambiente que montamos, ou com aquele outro quarto tão cuidadosamente arquitetado. é questionar o quanto precisamos lançar mão de subterfúgios externos pra nos sentirmos bem no lugar mais íntimo de todos nós – aquele que chamamos de lar.

que lugar é esse que não sabemos ao certo dizer, mas que nos aquece de forma singular, ao qual damos o nome de lar? é o banco da mais movimentada praça de sua cidade? é aquela pedra específica do Arpoador? é a sua cama? é aquele sítio esquecido da sua infância?
porque será que "lar" é uma palavra tão distante do que, materialmente, chamamos de "casa"?

para início de conversa, busco ajuda do Aurélio:

lar sm 1. a parte da cozinha onde se acende o fogo. 2. lareira (1). 3. a casa de habitação. 4. a família (1). 5. a pátria.

também seria curioso procurar o que o verbete pátria nos diz, mas isso deixo para vocês – não vamos perder o fio da meada… segundo nosso amigo Aurélio, lar é o que nos dá calor. a família – seja aquela de origem ou aquela que escolhemos, é o que nos suporta e aquece, nos momentos frios. não seria "lar", um termo mais próximo do nosso corpo do que nossa casa material?

conheço algumas pessoas que fogem desesperadas de si mesmas, das mais diversas formas, lançando mão de interessantes recursos: aqui na casa dos meus pais está ótimo. quando eu chegar nos 40 penso em morar sozinho… quero ir pra Europa pelas oportunidades de crescimento que tenho lá… eu só vou ser feliz quando meu novo apartamento ficar pronto… esta casa está velha e desgastada, assim não dá pra viver em bem!

eu realmente duvido que alguma dessas pessoas tenha encontrado paz, continuando no padrão de colocar no externo o mais precioso bem: seu próprio lar. felizes são os caracóis, traduções perfeitas da palavra lar!

ter um lar, muito antes de ter um teto, é (con)ter-se. é estar em plena harmonia com o que se é, em defeitos e limitações, qualidades e potenciais. é entender que, para estar "em casa", não são necessários um lugar, outras pessoas ou muitas coisas. ter um lar, é ter uma chama interna permanentemente acesa – independente dos ventos. é esta chama que nos aquece nos mais gélidos dias.

sejam bem-vindos ao lar!

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About the author

Ana Roberta

Ana Roberta é psicóloga adoradora de Jung e taróloga. Gosta de contemplar, de conversas significativas, de gente, de olhar para dentro sempre voltando para fora. Aqui no OPS! pretende escrever sobre cotidianices e questionamentos de alguém que está em busca de ir além através de seu próprio coração