A desconcentração regional no Brasil

O Brasil entrou em uma fase de desconcentração regional, mas não de eliminação das desigualdades. O Sudeste deixou de apresentar as maiores taxas de crescimento econômico e populacional. As duas maiores cidades do país, São Paulo (com mais de 10 milhões de habitantes) e Rio de Janeiro (com mais de 6 milhões) estão perdendo participação relativa, em termos econômicos e populacionais, para outras cidades e regiões do país.

As Regiões do Brasil são uma divisão que tem caráter legal e que foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. As regiões brasileiras são:

· Região Centro-Oeste, que compõe-se dos estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. Área de 1 604 852 km² (18,9% do território nacional).

· Região Nordeste, que compõe-se dos estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Área de 1 556 001 km² (18,2% do território nacional).

· Região Norte, que compõe-se dos estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins. Área de 3 851 560 km² (45,2% do território nacional).

· Região Sudeste, que compõe-se dos estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Área de 927 286 km² (10,6% do território nacional).

· Região Sul, que compõe-se dos estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Área de 575 316 km² (6,8% do território nacional).

Durante a chamada “Republica Velha” (1889-1930) o Brasil possuia uma economia agrária e rural, de caráter primário-exportadora. A partir da “Revolução de 1930” o país passou por um intenso processo de urbanização e industrialização que levou a uma forte concentração geográfica da população e da produção em poucos estados, localizados no centro-sul do território nacional.

No período 1930 a 1970 o processo de modernização da economia brasileira foi marcado pela concentração regional em benefício da região Sudeste , especialmente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e da região Sul. A região Nordeste de ocupação mais antiga e com grande peso da economia rural e de subsistência, foi perdendo população por meio de fluxos emigratórios para as regiões mais dinâmicas, assim como perdeu participação no total da produção nacional (PIB). O fluxo migratório rural-urbano sempre foi predominantemente feminino, fazendo com que a razão de sexo ficasse crescentemente marcada pela femininação urbana e pela masculinização rural.

Estabeleceu-se uma significativa diferença regional no grau de desenvolvimento econômico e no crescimento da renda per capita, da infra-estrutura de transportes e comunicações e dos serviços de educação e saúde. As regiões Sudeste e Sul concentravam, crescentemente, a maior parte do emprego formal, da produção e do consumo do país. Paralelamente ao processo de concentração urbana-industrial na região Sudeste, ocorreu um crescimento da fronteira agropecuária no sentido da região Sul, em especial para o estado do Paraná e, posteriormente, em direção às regiões Centro-Oeste e Norte.

Houve um aumento da integração das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste que passaram a contar com uma industria e agricultura mais modernas e um setor serviços mais dinâmico, especialmente pelo fortalecimento do sistema financeiro e das áreas de educação e saúde. O diferencial regional de renda cresceu em detrimento do Nordeste. Não é de se estranhar que foram estas regiões e os seus núcleos urbanos mais avançados que assistiram ao início da transição da fecundidade e a sua difusão intra-regional.

A partir de 1970 começou um movimento de desconcentração industrial e regional do país. O processo de urbanização continuou o seu curso, mas os dois grandes municípios do país (São Paulo e Rio de Janeiro) passaram a perder posição relativa na população total do país. A região Sudeste estabilizou sua população relativa e somente as regiões Centro-Oeste e Norte – com baixa densidade demográfica – passaram a aumentar suas populações relativas. A região Nordeste como um todo continuou perdendo população, em termos relativos, mas a redução da população aconteceu no meio rural, pois o Nordeste urbano continuou a crescer e ganhar partipação na população nacional.

A desconcentração industrial ocorrida no país após 1970, atingiu a região Sudeste que perdeu posição relativa para as demais regiões. Mas dentro da região Sudeste, houve uma redistribuição da atividade industrial, com as maiores perdas relativas acontecendo na região metropolitana de São Paulo, mas com crescimento da atividade industrial no interior do estado de São Paulo, em Minas Gerais e no Espírito Santo. Embora o Brasil ainda seja um país muito desigual, nas últimas décadas houve conjuntamente à desconcentração industrial uma desconcentração da renda e menores desigualdades regionais nas áreas de saúde e educação. Até 1970 a renda por habitante do Sudeste era cerca de quatro vezes maior do que a do Nordeste, estando atualmente em torno de 3 vezes.

Embora ainda existam muitas desigualdades regionais no Brasil, os diferenciais estão se reduzindo e as cidades que mais crescem no país são aquelas de porte médio, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.

About the author

José Eustáquio Diniz Alves