A economia verde e limpa

Desde a crise do petróleo, em 1973, cresceu a consciência de que a economia do petróleo e do carvão (energia fóssil) estava com os dias contados. Mas foi a crise econômica mundial de 2008/09 que mostrou a urgência de dar início em larga escala à gestação de uma economia verde, isto é, de baixo carbono, com eficiência energética, com alto indice de reciclagem e reaproveitamento de matérias-primas e recursos naturais.

Na realidade o aumento do preço de petróleo – que atingiu o seu pico mais elevado em 2008 – e a crise de emprego, assim como a consciência dos efeitos do aquecimento global criaram o ambiente necessário para o inicio da transição da economia baseada na energia de combustíveis fósseis para uma economia baseada em energia limpa e renovável e no aumento da eficiência no uso dos recursos naturais. A idéia é que a economia verde e limpa terá como base:
1)    o uso de energia não-fóssil: solar, eólica, geotérmica, hidroelétrica, hidrogênio, da biomassa, das marés, do lixo, etc.
2)    a reciclagem e o aproveitamento de recursos naturais;
3)    a criação de novos empregos em áreas de sustentabilidade ambiental;
4)    aplicação de novas tecnologias em um novo ciclo econômico mais integrado ao meio ambiente.

Segundo Grange e Huh (2009) a “Clean Energy Economy” representa uma saída para a crise da economia dos Estados Unidos e pode ser definida como:
“A clean energy economy generates jobs, businesses, and investments while expanding clean energy production, increasing energy efficiency, reducing greenhouse gas emissions, waste, and pollution, and conserving water and other natural resources. The clean energy economy comprises five categories: (1) clean energy, (2) energy efficiency, (3) environmentally friendly production, (4) conservation and pollution mitigation goods and services, and (5) training and support for the foregoing activities”. (p. 25)

Segundo José Eli da Veiga (2009) a transição para uma economia verde (de baixo carbono ou descarbonizada) já está a caminho em diversos países desenvolvidos em função, não necessariamente da consciência ecológica ou do altruísmo, mas de vetores como a necessidade de superar a dependência energética: “os países que se mexeram positivamente, tanto há mais tempo como os que estão se movimentando agora, mexeram-se principalmente porque percebem que terão problemas muito sérios nos próximos vinte ou trinta anos e que, portanto, a possibilidade de transitar para uma matriz com menos dependência de energias fósseis seria essencial, por razões básicas. Segurança energética é tão importante quanto segurança alimentar”.

Além da mudança da matriz energética a economia verde tem como base 3 princípios gerais que norteiam a nova produção: 1) Reduzir (produzir com menos e evitar o desperdício); 2) reutilizar; e 3) reciclar.

Como tem ressaltado o economista e ambientalista Ignacy Sachs,  as políticas e ações do lado ambiental não podem ser dissociadas do lado social e econômico, pois o desafio é atingir o desenvolvimento socialmente includente e ambientalmente sustentável e não o crescimento à qualquer custo.

Princípios Gerais de Sustentabilidade para uma economia verde e limpa
·    Prevenção: menor custo a degradação/poluição
·    Precaução: avaliação prévia dos impactos
·    Participação: envolvimento da comunidade
·    Proatividade: prevenção de problemas
·    Compensação: melhoria ampla em outra área
·    Compromisso melhoria continua: meta modesta
·    Poluidor pagador: arcar com os custos de remediar

A economia verde e limpa inclui, além do combate ao desmatamento e da defesa da biodiversidade, políticas de ciência e tecnologia que levem à mitigação e adaptação das mudanças climáticas, políticas de reurbanização e de reestruturação das cidades e dos setores de habitação e transporte, políticas adequadas para os recursos hídricos, o saneamento e o tratamento do lixo, etc. Enfim, é preciso romper com a situação atual em que já são consumidos e retirados da natureza um volume maior de recursos ambientais do que a capacidade de reposição do planeta. É preciso uma mudança do modelo econômico e do nosso padrão hegemônico de cultura.

Referencia:
Kil Huh and Lori Grange. Green Data: What do we Really Know about Jobs in the Green Economy? In: Pathways Magazine – Fall 2009: Are Green Jobs a Silver Bullet?
http://stanford.edu/group/scspi-dev/media_magazines_pathways_fall_2009.html
José Eli da Veiga, Mundo em transe. Do aquecimento global ao ecodesenvolvimento (Autores Associados, 2009).
Economia e a sustentabilidade
http://www.sustentabilidade.org.br/conteudos_sust.asp?categ=3

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José Eustáquio Diniz Alves