Até onde vai a queda dos católicos na baixada fluminense?

A proporção de católicos no Brasil caiu de 89% em 1980, para 83% em 1991 e chegou a 64,6% em 2010. Nos últimos 20 anos a perda tem sido quase um por cento ao ano. Neste ritmo os católicos deixam de ter maioria absoluta (mais de 50%) das filiações religiosas no país em 20 anos e podem empatar com os evangélicos em até 30 anos, na média nacional.

Contudo, os católicos já estão perdendo para os evangélicos na Baixada Fluminense.  Tomando o município de Nova Iguaçu como exemplo, podemos ver que os católicos eram 43,1% em 2000 e os evangélicos eram 29,1%. Em apenas 10 anos, os católicos cairam para 33,1% e os evangélicos subiram para 36,9% da população total de Nova Iguaçu em 2010.

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Esta inversão de posições é mais acentuada quando se considera os grupos etários, pois os católicos continuam superando os evangélicos nas idades acima de 40 anos, mas perdem nas idades menores de 40 anos.  No grupo etário 0-14 anos, de crianças e adolescentes, os católicos eram 37,7% em 2000 e cairam para 28,3% em 2010, enquanto os evangélicos subiram de 30% para 40,3%, no mesmo período. No grupo de adolescentes e adultos jovens (15-39 anos) os católicos cairam de 42% para 29,6% e os evangélicos subiram de 24,8% para 37% entre 2000 e 2010. Já nos grupos acima de 40 anos os católicos ainda possuem percentual superior aos evangélicos, com destaque para o grupo de idosos (65 anos e +) em que são 47,3% contra 33,1% dos evangélicos, em 2010.

Estes dados mostram que os católicos estão perdendo espaço em todos os grupos etários, mas a perda é maior entre crianças, adolescentes e jovens. Isto que dizer que o processo de sucessão das gerações deve aprofundar ainda mais a inversão da hegemonia religiosa em Nova Iguaçu e nos demais municípios da baixada fluminense que vivenciam o mesmo processo de mudança religiosa.

O fato de os católicos já estarem abaixo de 30% na população abaixo de 40 anos em Nova Iguaçu deve ser encarado como um sinal de alerta para a religião que já chegou a ter o monopólio da fé no país. Os dados estão mostrando que não existe um limite para a queda dos católicos. Se este ritmo continuar vai levar praticamente à extinção dos católicos em Nova Iguaçu e, provavelmente, em toda a Baixada Fluminense. A não ser que haja uma reação e uma mudança nas tendências gerais das filiações religiosas na região.

 

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José Eustáquio Diniz Alves