Demografia By José Eustáquio Diniz Alves / Share 0 Tweet Os casais sem filhos, em que o chefe e o cônjuge possuem renda, é um tipo de arranjo familiar que tem crescido muito nos últimos anos, sendo constituídos de indivíduos com maior nível educacional, de renda e de consumo. DINC é o acrônimo de Duplo Ingresso, Nenhuma Criança (ou em ingles Double Income, No Children). São casais de dupla renda e que não possuem filhos. Em 1997 existiam cerca de um milhão de casais DINC no Brasil, passando para dois milhões em 2007, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD – do IBGE. O casal DINC cresce no mundo todo e no Brasil devido à conjugação de duas tendências: 1) queda das taxas de fecundidade e aumento do número de pessoas que não querem ter filhos; 2) aumento da participação feminina no mercado de trabalho e redução da parcela de mulheres dedicadas exclusivamente aos afazeres domésticos; Os casais de dupla renda e sem filhos podem ser de sexos diferentes (heterossexuais) ou do mesmo sexo (homossexuais). No primeiro caso, podem não ter filhos por opção ou vontade de um ou dos dois parceiros ou por razões involuntárias, como a infertilidade de pelo menos um dos conjuges. Contudo, um casal infértil pode adotar uma criança e deixar de ser DINC. Para os casais homossexuais, existe a possibilidade da reprodução assistida (fertilização em vitro), no caso das lésbicas via obtenção de um doador de esperma e no caso dos gays via doação de óvulo e de uma “barriga de aluguel”. Os casais DINC homossexuais também possuem a alternaiva de homoparentalidade por meio de adoção de uma criança. Existem casais DINC em que apenas um dos conjuges trabalha e o outro possui renda de outro tipo (como aluguéis, participação em lucros, etc.). Existem casais DINC que os dois já são aposentados e não trabalham mais. Mas a grande maioria dos atuais casais DINC heterossexuais apontados pela pesquisa do IBGE são constituidos de casal que trabalha, são relativamente jovens, tem maior nível educacional do que a média, moram em áreas urbanas das regiões Sul e Sudeste e possuem renda média domiciliar per capita bem mais elevada dos que a dos outros arranjos familiares. O crescimento dos casais sem filhos e em que os dois trabalham tende a crescer, pois a vida atual oferece muitas alternativas de ocupação e lazer além do cuidado da casa e das sucessivas gerações. O casal DINC parece se adaptar melhor aos novos parâmetros da sociedade pós-moderna fortemente caracterizada pelo hedonismo e o consumismo, com forte predominância dos valores do individualismo. As pessoas atualmente não dependem tão fortemente da família consanguinia e, sem o compromisso do cuidado dos filhos, podem se relacionar de maneira mais dinâmica com o resto da sociedade, mostrando mais mobilidade e menor dependência dos parentes. Praticamente não existem casais DINC na pobreza e nem nos programas de transferência de renda do governo, pois eles possuem uma mobilidade ascendente. Ver artigo de Barros, Alves e Cavenaghi (2008) no link: http://www.abep.org.br/usuario/GerenciaNavegacao.php?caderno_id=504&nivel=1 O casal DINC se constitui em um caso paradigmático de família que se adapta melhor aos parâmetros da sociedade pós-moderna, mas, que se for seguido de maneira universal, significará uma brutal redução da população, pois, ao não terem filhos, a sucessão de gerações é interrompida.