Economia e Clima no Brasil

Onze gabaritadas instituições de pesquisa brasileiras somaram esforço para mapear os efeitos do aquecimento global na economia brasileira. São elas: Embrapa, Inpe, USP, Unicamp, Coppe/UFRJ; Fiocruz, Fipe, IMPA; Cedeplar/UFMG, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável e o Ipea.

A premissa básica do estudo é que a mudança do clima pode ter um grande impacto na agricultura brasileira, com efeitos populacionais (migração, por exemplo), redução do PIB e elevação da pobreza. No resumo executivo do estudo “Economia das Mudanças do Clima no Brasil (EMCB)” está explicitado a necessidade de quantificar o impacto da mudança do clima na agenda de desenvolvimento do país: “Sem conhecimento minimamente fundamentado sobre essas tendências, tomadores de decisão ficam desprovidos de instrumentos para identificar os riscos mais graves e urgentes e para avaliar e implantar as medidas de prevenção e adaptação mais eficientes em termos de custos e benefícios”.

Se não houver mudanças tecnológicas, em um cenário de 30 anos, haverá um impacto muito grande da água. Uma das prováveis consequências a longo prazo é a mudança no mapa da agricultura brasileira. O estado do Ceará pode perder 80% da área fértil. Já Piauí e Pernambuco podem perder entre 60% e 70% da agricultura. No Maranhão, os produtores perderam 16% da soja neste ano por causa da chuva forte.

No resumo publicado estão relacionados os principais resultados obtidos seguidos de recomendações de políticas públicas. Entre as principais conclusões está que os piores efeitos da mudança do clima recairão sobre as regiões Norte e Nordeste, as mais pobres do Brasil, e que, portanto, o custo da inação hoje será o aprofundamento das desigualdades regionais e de renda. Vejamos as principais perspectivas macroeconômicas:

– “Estima-se que sem mudança do clima o PIB brasileiro será de R$ 15,3 trilhões (reais de 2008) no cenário A2-BR em 2050, e R$ 16 trilhões no cenário B2-BR. Com o impacto da mudança do clima, estes PIBs reduzem-se em 0,5% e 2,3% respectivamente.

– Antecipados para valor presente com uma taxa de desconto de 1% ao ano, estas perdas ficariam entre R$ 719 bilhões e R$ 3,6 trilhões, o que equivaleria a jogar fora pelo menos um ano inteiro de crescimento nos próximos 40 anos.

– Com ou sem mudança do clima, o PIB é sempre maior em B2-BR do que em A2-BR. Isto quer dizer que na trajetória mais limpa do cenário B2-BR, a economia cresce mais, e não menos. Em ambos cenários, a pobreza aumenta por conta da mudança do clima, mas de forma quase desprezível.

– Haveria uma perda média anual para o cidadão brasileiro em 2050 entre R$ 534 (ou US$ 291) e R$ 1.603 (ou US$ 874). O valor presente em 2008 das reduções no consumo dos brasileiros acumuladas até 2050 ficaria entre R$ 6.000 e R$ 18.000, representando de 60% a 180% do consumo anual per capita atual”.

Referencia:
“Economia das Mudanças do Clima no Brasil (EMCB)”
http://www.economiadoclima.org.br/site/

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José Eustáquio Diniz Alves