Demografia By José Eustáquio Diniz Alves / Share 0 Tweet O Brasil, desde a chegada dos portugueses, em 1500, se tornou um país de imigração voluntária e forçada. Primeiro vieram os lusitanos explorar as riquezas nacionais do país, obrigando os indígenas a trabalharem como mão de obra servil. Outros europeus, como os franceses e holandeses, também tentaram se instalar no país. Mas os portugueses saíram vitoriosos contra os demais países invasores e transformaram o Brasil numa colônia de exploração de produtos primários e importadora de mão de obra escrava vinda da África. A ferro e fogo foram devastando as matas, errodindo os rios, explorando as minas e estabelecendo um governo centralizado que não investia em educação, saúde, planejamento urbano, etc. Pouca coisa mudou depois da independência de 1822, a não ser que o Brasil se tornou a única monarquia (de origem portuguesa) das Américas. Com a “lei do ventre livre” e depois com o fim da escravidão, em 1888, o Brasil precisava de expandir a sua população (que era de pouco mais de 10 milhões de habitantes) para atender a demanda do crescimento das plantações de café. O país precisava da imigração internacional. Entre 1875 e 1930 o Brasil recebeu 4,4 milhões de imigrantes, principalmente europeus, que ajudaram a reconfigurar o perfil populacional do país. Os japoneses começaram a chegar ao Brasil, em 1908, e deram uma contribuição incomensurável na agricultura, na industria e na cultura. Os imigrantes, de diversas nacionalidades, também deram grandes aportes à economia brasiliera, tiveram filhos e contribuíram para o crescimento populacional brasileiro e a diversificação étnica e cultural. Mas depois da Segunda-Guerra mundial houve uma grande recuperação da Europa e do Japão e o fluxo imigratório destas regiões foi diminuindo progressivamente até quase desaparecer. Concomitantemente, o Brasil assistiu ao seu maior crescimento vegetativo de sua história, entre 1950 e 1980. Enquanto a economia brasileira crescia, o fluxo migratório internacional era próximo de zero, neste período. Porém a crise econômica dos anos de 1980 (a chamada década perdida) e o baixo dinamismo econômico dos anos de 1990, fez com que o fluxo internacional de migração se invertesse e o país passou a ser “exportador” de brasileiros. A estimativas da década passada apotavam cerca de 2 milhões a 4 milhões de emigrantes para uma população de 750 mil imigrantes residentes no Brasil. Estima-se que o saldo migratório líquido da população brasileira na década de 1990, foi negativo em cerca de 1,8 milhão de pessoas, sendo que mais da metade deste fluxo se originava dos estados da região sudeste. Ainda não temos os dados do censo demográfico 2010, do IBGE, que vai permitir algumas pistas sobre a migração internacional entre 2000 e 2010. Provavelmente, o Brasil continuou a ser um exportador líquido de brasileiros, nestes primeiros anos do século XXI. Contudo, a situação pode mudar nas próximas décadas e o Brasil pode assistir à uma nova inversão no fluxo migratório internacional, se tornando, novamente, importador líquido de pessoas de distintas nacionalidades. O que contribui para esta possibilidade é a redução das taxas de fecundidade, a mudança na estrutura etária e o crescimento econômico. O ritmo de crescimento da população em idade ativa (PIA) está diminuindo, enquanto o ritmo de crescimento da população economicamente ativa (PEA) está aumentando. Por enquanto, o Brasil ainda tem muita gente para entrar no mercado de trabalho ou sair da situação de informalidade. Mas crescem as manchetes sobre o “apagão de mão de obra” e, especialmente, sobre a falta de força de trabalho especialidazada e qualificada. Manchete do jornal Folha de São Paulo (23/01/2010) diz que “País rico oferece mão de obra ao Brasil”. A matéria diz que com a falta de mão de obra qualificada no Brasil e o excesso de profissionais sem emprego nos países ricos em razão da crise, governos e entidades de classe do exterior têm contatado empresários e associações de engenheiros e arquitetos nacionais para oferecer trabalhadores. O MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) faz a intermediação de alguns desses encontros. Estas e outras notícias sugerem que, se o Brasil tiver uma política macroeconômica que leve o mercado de trabalho a uma situação próxima do pleno emprego, na corrente década, pode haver uma reversão do fluxo migratório internacional, com menos brasileiros querendo sair do país e mais estrangeiros querendo se mudar para as terras tupiniquins.