O censo 2010 e o “empobrecimento” dos Estados Unidos

A população dos EUA era de 281,4 milhões de habitantes em 2000 e passou para 308,7 milhões em 01/04/2010. O aumento absoluto foi de 27,3 milhões, mas representou um aumento relativo de 9,7% entre 2000 e 2010 (menor do que os 13,2% da década anterior). Assim como no Brasil, o ritmo  de crescimento populacional nos EUA está se reduzindo. A taxa de fecunidade estava em 1,93 filhos por mulher, de acordo com o CDC dos EUA e de 1,86 filhos por mulher no Brasil, de acordo com o IBGE. Como consequência ambos os países estão em processo de envelhecimento, com a população de 65 anos e mais, dos EUA representando 13% da população e 7,4% no Brasil.

Nos EUA havia 5,3 milhões de mulheres a mais do que homens (50,9%), em 2000, caindo ligeiramente para 5,2 milhões de mulheres (50,8%) em 2010. No Brasil a diferença entre homens e mulheres aumentou na última década de 50,8% para 51% (cerca de 4 milhões de mulheres a mais do que homens).

Do mesmo jeito que o Brasil está ficando mais mestiço – com maior proporção de pessoas pardas e pretas que passaram a ser mais de 50% da população – as minorias “raciais” dos EUA estão crescendo. A população branca (não hispânica) era 194,6 milhões (69,1%) em 2000 e passou para 196,8 milhões (63,7%) em 2010, enquanto a população preta/afro-americana era de 34,7 milhões (12,3%) e passou para 38,9 milhões (12,6%) e a população latina/hispânica foi a que mais cresceu passando de 35,3 milhões (12,5%) para 50,5 milhões (16,3%), no mesmo período. Já entre as crianças, as minorias não-brancas já são maioria.

O dado mais significativo mostrado pelo censo 2010 dos Estados Unidos da América (EUA) foi a queda da renda real média domiciliar do país. Em dólares reais de 2010, a renda domiciliar média dos EUA era de US$ 47.145 em 1980, passou para US$ 51.312 em 1990, para US$54.941 em 2000 e caiu para US$ 50.046 em 2010. A queda da renda foi de quase 9% na primeira década do século XXI e a taxa de pobreza subiu para 15,1%, a mais alta desde 1993. Ao mesmo tempo cresceu a concentração da renda, com o 1% mais rico da população apropriando de uma parcela maior da renda nacional. Não é de estranhar, portanto, o crescimento do movimento “Occupy Wall Street”, que busca ser a voz dos 99% da população que foi prejudicada pelas políticas do presidente republicano George W. Bush (2001-2008).

Para compensar o empobrecimento dos trabalhadores e da “classe média” a solução do mercado financeiro foi liberar crédito barato para o financiamento (estrangulamento) das famílias. Portanto, ao invés de investir em infra-estrutura e educação básica – para melhorar as condições de competitividade da economia, os governos americanos preferiram liberar a farra do endividamento das famílias e do próprio governo.

Analistas mostram que as tendências de declínio relativo do país devem continuar entre 2010 e 2020. Em termos demográficos, os Estados Unidos vão ver a redução da taxa de crescimento demográfico, mantendo uma maioria de mulheres (mas sem aumento da feminização) e ficando mais envelhecido. Se a crise econômica continuar não será improvável que a maior economia do mundo vá ter uma renda per capita menor e uma situação de maiores desigualdades sociais. O processo de mobilidade social ascendente entre as gerações parece que está comprometido assim como o tão comentado “The American way of life”.

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José Eustáquio Diniz Alves