Pesquisas sobre mulheres na politica

A pesquisa “Mulheres na política” do IBOPE/Instituto Patrícia Galvão, realizada em 2009, é uma importante fonte de informação para se compreender algumas questões de gênero da sociedade brasileira. Entre os principais achados da pesquisa, podemos citar:

·    94% dos entrevistados responderam afirmativamente que votariam em uma mulher, sendo que 59% declararam que dariam seu voto para mulheres em qualquer cargo;
·    Maioria acha que aumentaram as candidaturas femininas na última década;
·    Maior presença feminina na política traz ganhos para a democracia e a sociedade. Do total de entrevistados, 83% disseram que a presença de mulheres melhora a política e os espaços de poder e de tomada de decisão;
·    Este resultado deixa no ar uma pergunta;
·    Maioria defende lei de cotas e punição a quem não a cumprir;
·    55% acham que lista de candidaturas deveria ter número igual de mulheres e homens;
·    80% defendem leis para promover igualdade política entre os sexos.

Dados do TSE, de janeiro de 2010, mostram que já existem 4,96 milhões de eleitoras sobre eleitores e as mulheres já chegam a 51,9% do eleitorado. As mulheres são maioria em todos os grupos etários, mas apresentam uma vantagem maior na medida em que sobe na estrutura etária, pois no grupo etário acima de 60 anos elas chegam a quase 54% do eleitorado. Nota-se que cerca de 3/5 do eleitorado está acima de 35 anos.Portanto, o que aconteceu no Brasil nos últimos anos foi um processo que pode ser caracterizado como de feminização e envelhecimento do eleitorado.

Estas duas informações parecem querer dizer que as mulheres “estão com tudo e não estão prosa”. Ou seja, são maioria do eleitorado e contam com a simpatia da maioria da população.

Contudo, a última pesquisa CNI/IBOPE (março de 2010) mostra que a candidata Dilma Rousseff aparece na frente nas intenções de voto para a presidência da República entre os eleitores do sexo masculino com 36% contra 34% de José Serra, enquanto entre as eleitoras do sexo feminino Serra apresentava intenção de voto de 37% contra 25% de Dilma.

Este resultado, um tanto quanto surpreendente, merece maiores estudos, pois o discurso captado pelas pesquisas parecem estar em contradição com a prática também captada por outras pesquisas. Ou seja, a população tem respondido às pesquisas de opinião dizendo que confiam nas mulheres na política e que existe intenção de sufragar mulheres para os diversos cargos em disputa. Mas parece que os homens tendem mais para uma candidata feminina do que as próprias mulheres.

O fato é que existem duas candidatas à presidência da República no Brasil em 2010, ambas com uma forte história de vida e que podem contribuir para o debate e o fortalecimento da democracia. Caberá aos eleitores decidirem por um homem ou uma mulher para dirigir o Executivo nacional nos próximos quatro anos. Novas pesquisas, neste final do mês de março, vão lançar mais esclarecimentos sobre as percepções do eleitorado e as questões de gênero.

Referência:
IBOPE/Instituto Patrícia Galvão, “Mulheres na política”, São Paulo, 2009
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/politica/pesq_mulherepol.pdf

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José Eustáquio Diniz Alves