Demografia By José Eustáquio Diniz Alves / Share 0 Tweet “Cristo Redentor,Braços abertos sobre a Guanabara”Tom Jobim A Baia da Guanabara já foi muito cantada em prosa e verso e é parte constitutiva da “Cidade Maravilhosa”. Contudo, a baia tem sofrido com o lixo a poluição que recebe dos rios/esgotos e se tornou um grande penico, uma área de descarte de toda a região metropolitana do Rio de Janeiro. Desta forma, a baia está se tornando um organismo semimorto. Depois de séculos de maltratos, foi anunciado durante a Eco-92, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, que começou a ser executado em 1995, mas foi prorrogado diversas vezes e, depois de gastar mais de US$ 1 bilhão, continua sem apresentar resultados palpáveis. Das quatro estações previstas no projeto (conhecido como PDBG) nenhuma está operando plenamente. O programa, assinado em 1994, contou com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), passou por seis governos, mas previa a conclusão da primeira fase de obras em cinco anos. Porém, até hoje, apenas 36% de todo o esgoto gerado nos 15 municípios do entorno da baia é tratado. O “Pinicão” recebe em média 10 mil litros por segundo de esgoto sem tratamento. Isto destrói a vida marinha e espalha o odor fétido por toda a região. O dinheiro das obras cai no “ralo” e o esgoto não chega às estações de tratamento. As redes coletoras de esgoto não foram construídas. Algumas estações foram inauguradas diversas vezes, mas até hoje não funcionam. Os lixões no entorno da baía só agravam a situação, com a liberação do chorume. Segundo depoimento de antigos pescadores, o volume de pescado se reduziu em 80% e diversas espécies de peixes e crustáceos desapareceram. Por isto, há gente que, ao contrário dos belos versos dos poetas, chamam a baia de “Pinicão” da Guanabara. Esta é a realidade que os participantes da Rio + 20 vão encontrar em junho de 2012. Ou seja, pela segunda vez o mundo vai se reunir na cidade do Rio de Janeiro para discutir o meio ambiente e vai poder comprovar que em 20 anos quase nada foi feito para despoluir a Baia da Guanabara e nem para recuperar os rios que foram fundamentais para o crescimento da cidade. Pela segunda vez o Rio de Janeiro vai aprovar documentos falando de desenvolvimento sustentável. Mas a cidade vai continuar insustentável, pois precisa continuar importanto água e peixes de longe, enquanto os rios são destruídos, a poluição se espalhada e se aprofunda na Baia da Guanabara e a biodiversidade é dramaticamente eliminada.