Este País, Alemanha By Solange Ayres / Share 0 Tweet Enquanto os brasileiros sambam no tórrido verão nós aqui vamos tentando ensaiar alguns passos para nos aquecermos… Qualquer semelhança com o carnaval do Brasil é mera… confusão. Enquanto os brasileiros sambam no tórrido verão nós aqui vamos tentando ensaiar alguns passos para nos aquecermos… Qualquer semelhança com o carnaval do Brasil é mera… confusão. Quando falamos de carnaval pensamos naquela festança dos trópicos, nas carnes expostas dançando ao ritmo frenético dos tambores. Mas aquí na Alemanha a comemoração pode ser um pouco diferente, lembrando que estamos no inverno e os termômetros nunca passam de 10 graus. O carnaval oficialmente começa aqui no Estado da Renânia do Norte e nas cidades ao longo do Rio Reno Bonn, Colonia, Düsseldorf, Aachen, Koblenz, Trier para citar algumas, na quinta feira com o “Weibefastnacht”, o Carnaval das Mulhres e termina, claro, com a quarta de cinzas. Mas aí terminam as semelhanças. Quando digo “aqui”, falo desta região, pois o carnaval não é comemorado uniformemente em toda a Alemanha. Berlin e o antigo Leste, por exemplo, não conheciam carnaval até que a capital se mudou para lá e os funcionários transferidos, carnavalescos fanáticos, levaram a festa junto. Ainda bem que terão mais um motivo para comemorar unidos. As comemorações do “Weibefastnacht” o Carnaval das Mulheres remonta do ano de 1824 em Beue, um bairro de Bonn, quando as lavadeiras fecharam a lavanderia para comemorarem o carnaval, que era mais coisa de homem. Elas fomaram um “comite” e foram até a prefeitura e tomaram simbolicamente o “poder” e foi assim que a “tomada das prefeituras” se tornou tradição na região do rio Reno e exportada para outras cidades. O carnaval mais famoso da Alemanha é comemorado em Colônia e recebe turistas de muitos países vizinhos como Bélgica, Holanda e Inglaterra. Começa na quinta, “o dia em que as mulheres teem o poder”. Elas saem de tesoura – é isso mesmo, de tesoura na mão – e cortam um pedaço da gravata dos homens nas ruas e escritórios, como que tirando a “força masculina”. O ato simboliza a emancipação da mulher e, a meu ver, este é um corte “no símbolo fálico”. Homens de negócio na quinta feira já colocam mesmo uma gravata surrada para ser depenada no dia e engravatados turistas têm poucas chances de escaparem ilesos: serão vítimas das tesouras. Também nesse dia os homens são alvos das mais diversas brincadeiras, como por exemplo nas comemorações internas lá do meu trabalho, quando os homens presentes foram submetidos a “tarefas” determinadas pelo mulheril. O chefe do departamento pessoal foi depilado a seco e a frio (foto) o gerente recebeu tratamento mais leve e foi despido e massageado com óleo pelas funcionárias e a tarefa do outro foi calçar luvas de boxe, vestir um shortinho apertado com um pepino dentro fazendo “volume” e dançar em cima da mesa isto tudo sob os aplausos dos participantes. A festa rola assim toda a tarde, inocentemente. Já as comemorações de salão, por exemplo, a gente nem pode pensar naqueles carnavais carnais de salão aí da terra Brasilis. Aqui são contadas piadas, geralmente por um sujeito vestido de palhaço e podem começar com o enunciado mais ou menos assim, como o que assisti: “A família Schmitz recebe como presente de natal um pacote dos familiares que imigraram durante a guerra para os EUA. Ao abrirem o presente tinha lá conservas, doces, chocolates, (coisa cara e de luxo para os alemães naqueles terríveis tempos do pós-guerra) e uma pequena lata sem rótulo de uma farinha desconhecida que logo foi tranformada em bolo. Uma semana depois chega a correspondência: “-Queridos parentes, por descuido a minha carta não foi junto com o pacote. Espero que vocês tenham gostado do nosso presente e a propósito, esquecemos de dizer que a nossa tia Ana faleceu este ano. Então mandamos as cinzas dela, separada em uma lata para ser enterrada na sua terra natal. Um abraço do tio Josef”. Riam, rraraa! É pra rir! Nas comemorações de rua as moçoilas uniformizadas passam mesmo marchando ao som de uma bandinha e … Bem, o tocador poderia dar um sorriso, afinal é carnaval! Dos pequenos e grandes carros alegóricos são atirados bombons, balas, chocolates quando todos gritam “-Kamelle!” na tradução: caramelo ou bombom, mas por aquí pode ser também ser definido como todo tipo de alimento atirado dos carros, também pequenos brinquedos, etc. Ah, chocolates, cuidado! Em Colônia fui espetada na mão por uma vovó de sombrinha em punho que agarrou pimeiro o chocolate, atirado de um dos carros. Póde? Por onde passa o cortejo é esperado por adultos e crianças com sacolinhas na mão para os presentes. Os carros dos bairros e cidades menores saem na maioria na segunda feira teem as mesmas características dos grandes cortejos do centro de Colônia. São pequenos carros com vários motivos, seguindo de um grupo de adultos e crianças fantasiado de foliões. Mas dos carros alegóricos podem voar outras coisas como objetos de uso domésticos e até… rolo de papel higiênico. Eu pergunto para vocês: o carnaval pode ser comemorado de diferentes formas, ou não? Foto: Solange Ayres: Colonia se prepara para o carnaval/28/01/2008 Fotos: Solange Ayres/arquivo/Carnaval 2007 em Kreuzau, Comarca de Düren, Alemanha