Francisco Grijó By Francisco Grijó / Share 0 Tweet Albert Uderzo é daquelas figuras que merecem uma estátua na praça principal, seja da cidadezinha, seja da metrópole – se uma metrópole, claro, possuísse uma praça principal. Uderzo é uma entidade, um patrimônio. Só o fato de ter, junto a René Goscinny, criado o guerreiro gaulês Asterix já bastava para imortalizá-lo. Não precisaria nem ter […] Albert Uderzo é daquelas figuras que merecem uma estátua na praça principal, seja da cidadezinha, seja da metrópole – se uma metrópole, claro, possuísse uma praça principal. Uderzo é uma entidade, um patrimônio. Só o fato de ter, junto a René Goscinny, criado o guerreiro gaulês Asterix já bastava para imortalizá-lo. Não precisaria nem ter criado Oumpah-pah, o pele-vermelha. Não precisaria ter recebido, das mãos da rainha holandesa Beatriz, a honraria de tornar-se Cavaleiro da Ordem do Leão Holandês. Honraria, de fato e merecimento perpétuo, é Asterix e Seus Amigos, uma homenagem de vários desenhistas a seu trabalho. A edição brasileira é tardia – os originais foram lançados ano passado, com o objetivo de homenagear os 80 anos do artista. É uma festa, um evento em que comparecem figuras como Milo Manara, o chileno Vicar (que desenhou durante muitos anos para a Disney), David Lloyd (de V de Vingança), Van Hamme (de XIII) e outras figuras que ilustram os quadrinhos contemporâneos. Asterix, claro, é diversão, entretenimento. É possível lê-lo superficial e desprendidamente (nada contra), e apreciar as aventuras de um bravo povo que desafiava César e seu império. É possível também encará-lo como símbolo do que é a verdadeira amizade e do que é a incontestável solidariedade que se instaura entre aqueles que são oprimidos. Se existe uma riqueza, ela não chega à aldeia – não a riqueza ostensiva do poder, que tudo compra, inclusive o caráter. Ningém, ali, tem preço. Romantismo? Pode ser, mas funciona. A tribo tem um chefe apenas de fachada – que é comandado, inclusive, pela esposa (como quase todos os chefes). A democracia é o ponto de partida e o ponto de chegada: todos têm direito a voz e a voto – exceto, naturalmente, o bardo que, como todo bardo, é chato de doer. A justiça, a lealdade, o senso de coletividade, o desprendimento material – tudo está ali, exposto. Foi aí que, entre outros elementos, Goscinny (que criava os textos) acertou em cheio. E Albert Uderzo deu forma às histórias cheias de humanidade e respeito ao semelhante – menos ao romano opressor. As homenagens são justíssimas. Ei-lo, entre amigos: Leia mais em: IPSIS LITTERIS » quadrinhos