Pshi, pshi vem cá gatinho!

Não bastando serem alvos de pesquisas, para manter a igualdade com os ratos, que desde os primórdios da Ciência sempre foram, digamos assim, cientificamente oprimidos pelos pesquisadores, agora os bichanos angorás foram alvo da eficiência da clonagem embrionária pela expressão de proteínas fluorescentes vermelhas – red fluorescent protein ou simplesmente RFP – proteínas de anêmonas marinhas do gênero Discosoma, atual biomarcadoras de transferência gênica.

Ocorre-lhe que isto só pode ser coisa de chinês? Pois é! Da revista científica Biology of Reproduction deste mês pra quem quiser ver. Eles argumentam que o genoma dos bichanos é mais próximo do nosso se comparado aos dos ratos, porcos e ovelhas, e que portanto, oferecem mais opções para a cura de doenças genéticas para seres como nós, des-humanos, talvez.

Não escondem, ou melhor, informam que a tecnologia também pode ser utilizada para produzir gatos de estimação não-alergênicos, e revelam satisfação por escreverem o primeiro artigo sobre a eficiência na clonagem de gatos expressando um gene exógeno. Só faltou os autores dizerem qual será o preço do novo prato: du chats fluorescents!

Mas para quem curte números, as tabelas chinesas revelam: 456 oócitos, 261 fecundados in vitro, 46 recuperados da cultura, 32 clivados, 3 blastocistos e 11 gatas de aluguel foram utilizados para gerar os seguintes resultados ditos positivos: 176 embriões transferidos com sucesso, 3 gatas grávidas das quais: uma abortou, outra teve 2 filhotes mas 1 morreu, e a terceira teve 1 filhote. Saldo total: apenas 2 gatos fluorescentes.

Questiono-me se isto é sucesso?! Ah sim, afinal a proteína vermelha foi expressa em vários órgãos nos 3 filhotes cujas gestações foram levadas a termo. Mas seria um sucesso genÉtico? Confesso que retumbou na minha mente o bom e velho som dos Saltimbancos “nós gatos já nascemos pobres, porém, já nascemos livres”!

 

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Andréa Ramirez