Internet By Bruno Cardoso / Share 0 Tweet As palavras que inserimos nos campos de pesquisa dos mecanismos de busca não só servem para encontrarmos aquilo que procuramos, mas também para enriquecer bancos de dados e auxiliar na construção de perfis de usuários que utilizam esses serviços. Quando fazemos uma busca na internet, nossa principal preocupação é em relação aos resultados que nos serão retornados e a relevância deles de acordo com os termos que provemos ao buscador. No entanto, apesar de se tratar de uma ação aparentemente transparente, onde as palavras-chave são buscadas num banco de dados repleto de links e metadados e os endereços que casam com os padrões desejados nos são exibidos, é sabido que os gigantes do setor (como o Google, Yahoo!, MSN) armazenam toda essa informação que, em grande quantidade, torna-se um patrimônio extremamente valioso. Do ponto de vista comercial, fica clara a utilidade de ter-se em mãos uma relação de termos e sites visitados por toda a massa de usuários que se interessa por um determinado assunto ou produto. A mágica das propagandas direcionadas — como as que aparecem junto às buscas ou na lateral dos e-mails do Google — é justamente tirar proveito desse conhecimento e vender o espaço certo para as empresas certas. Para a comunidade acadêmica, por exemplo, a existência de tais bancos de dados de termos oferece uma possibilidade, até então inexistente, de se poder estudar os desejos e interesses de um universo de usuários ao longo de um determinado período de tempo, assim como a evolução das buscas, interação com o conteúdo disponível e até mesmo a própria identidade cultural da população estudada. As possibilidades, aqui, são infinitas. E foi em nome da ciência que a AOL resolveu, em meados de 2006, divulgar os arquivos de três meses de buscas realizadas por mais de 650 mil de seus assinantes. Embora os nomes dos usuários tivessem sido trocados por números, alguns eram facilmente identificáveis por meio das buscas que fizeram (na época, o jornal New York Times, em poucas horas, conseguiu descobrir que um determinado usuário da lista da AOL era uma senhora de 62 anos do estado da Georgia). Diversos clientes reclamaram (e outros tantos foram à justiça) por não terem tido sua privacidade respeitada e a empresa, cujo histórico de "mancadas" é longo e até impressionante, se desculpou e assumiu o erro. Por outro lado, há formas interessantes de manuseio desse tipo de dados, como o Google Trends, que permite a visualização de gráficos de buscas e comparação entre palavras-chave. Ou ainda o Google Zeitgeist, que lista as palavras mais buscas por países ou em determinados meses. O que tudo isso nos mostra, portanto, é que as interações com os mecanismos de busca não são tão privadas como ingenuamente se imagina.