Migração para GNU / Linux By Rodrigo Dall Alba / Share 0 Tweet A verdade é que todo esse discurso de “usar, estudar, modificar e distribuir”, “Seja livre, use Linux” pouco ou nada interessa ao usuário doméstico, ao usuário comum, aquele que só quer um sistema que funcione de forma fácil e eficiente e não quer, por não ter a mínima idéia de como fazer, alterá-lo e distribuí-lo. Enquanto os usuários mais fervorosos se digladiam sobre qual é a melhor distribuição e, algumas vezes, até ofendem os usuários Windows, o verdadeiro interessado, aquele que deveria ser o alvo de tais discussões, está satisfeito em sua casa utilizando o Windows, nem um pouco interessado em saber o que é uma licença ou um terminal. Cada caso é diferente e deve ser tratado com cuidado, não existe fórmula mágica para a migração perfeita. Em primeiro lugar, é preciso conscientizar o usuário, alertando-o para a importância e as vantagens de sistemas livres, não apenas dizendo frases vazias como “use porque é de graça”, pois a verdade é que para a esmagadora maioria de usuários Windows, este também é de graça, já que usualmente paga-se somente a mão-de-obra de uma instalação pirata. As diversas distribuições com diferentes tipos de pacotes prejudicam a amigabilidade do sistema fazendo com que o usuário, além de sentir-se perdido em meio a tanta variedade, tenha de viver em eterna adaptação. Softwares de contabilidade ou controle de estoque, entre outros, se não são inexistentes, são escassos, o que faz com que todo o movimento seja, de certa forma inútil, pois, quando o cidadão realmente necessita fazer economia com softwares que ele realmente precisa, não encontra formas de fazer isso, ficando escravo das grandes empresas de software, que cobram caro por um serviço que muitas vezes deixa a desejar. Tocares de áudio e editores de texto não vão salvar aqueles que necessitam da informática no seu dia-a-dia, é preciso ir além, atingir desde o controle de caixa das micro empresas até o setor gerencial das grandes corporações, para que a ideologia de liberdade deixe de ser utópica e passe a cumprir o seu papel e fazer parte da população que sofre com o capitalismo das empresas fornecedoras de software. Porém, enquanto o mundo Linux continuar com a mentalidade “Linux é perfeito, o usuário é que é burro”, nada disso acontecerá. Uma boa estratégia para a divulgação do software livre e do Linux é a distribuição de cartilhas explicando para a população a sua real importância. Não basta apenas empurrar computadores a baixo custo goela abaixo dos consumidores e esperar que eles aprendam sozinhos novos termos, siglas e jargões. Assim como existem propagandas incentivando o uso de camisinhas em época de carnaval, o voto consciente, o combate à dengue, o uso de cinto-de-segurança, entre outros, o Governo deveria investir também na divulgação do Linux, de forma a desmistificar o sistema, fazer com que ele deixe de ser algo de outro mundo e passe a ser visto com bons olhos, não como “um ‘programa’ difícil que só nerds usam”. Além da famosa “Não solte balões”, propagandas na rede televisiva com frases de efeito como “Use Linux”, ou algo do tipo, ajudariam a despertar o interesse e a curiosidade dos cidadãos. No entanto, é preciso que a imposição venha de cima, assim como os governos de alguns estados brasileiros estão fazendo. De nada adianta uma loja de informática decidir instalar Linux para seus clientes, pois eles irão direto para a próxima loja pedindo por uma cópia pirata do Windows. E, como diz o dito popular, uma andorinha não faz verão. Para João Pereira da Silva Jr, presidente da Insigne, empresa brasileira que fornece Linux para fabricantes de PCs, o principal obstáculo não é a Microsoft. “Nós temos três inimigos: o vendedor mal-informado, o técnico mal-intencionado e o amigo que pensa que entende de computador”. Enquanto não houver conscientização, nenhum outro passo poderá ser tomado. Tomando essas medidas, a partir da próxima geração da chamada “Era da Informação”, quando as pessoas terão seu primeiro contato com computadores antes dos dez e não depois dos trinta anos de idade, quando a informática estará mais presente na vida das pessoas e saber usar um computador não será apenas obrigatório, mas trivial, ao invés das conversas em mesas de bar girarem em assuntos como “Qual é o motor do seu carro”, ouvir-se-á coisas do tipo “Qual distro você usa?”.