200 anos do primeiro jornal do Brasil: Correio Braziliense

No próximo dia primeiro de junho de 2008, comemoram-se os 200 anos de criação daquele que é considerado o primeiro jornal do Brasil: o Correio Braziliense. Também chamado de Armazém Literário, possuía periodicidade mensal e era editado por Hipólito José da Costa, em Londres, e enviado clandestinamente para o Brasil. O jornal, que não deve ser confundido com o Correio Brasiliense de Assis Chateaubriand – este que circula até hoje desde a década de sessenta – contou com 175 exemplares publicados até dezembro de 1822.

No próximo dia primeiro de junho de 2008, comemoram-se os 200 anos de criação daquele que é considerado o primeiro jornal do Brasil: o Correio Braziliense. Também chamado de Armazém Literário, possuía periodicidade mensal e era editado por Hipólito José da Costa, em Londres, e enviado clandestinamente para o Brasil. O jornal, que não deve ser confundido com o Correio Brasiliense de Assis Chateaubriand – este que circula até hoje desde a década de sessenta – contou com 175 exemplares publicados até dezembro de 1822.

Hipólito da Costa defendia em seu Correio Braziliense idéias liberais como o fim da escravidão, uma monarquia constitucional, a adoção do trabalho assalariado e o incentivo à imigração. Bastante eclético, o jornal dividia-se em seções dedicadas à Política, ao Comércio e às Artes, à Literatura e às Ciências e Miscelânea.

Quando perguntado porque decidiu publicar o jornal do exterior, Hipólito da Costa justificou: “Resolvi lançar esta publicação na capital inglesa dada a dificuldade de publicar obras periódicas no Brasil, já pela censura prévia, já pelos perigos a que os redatores se exporiam falando livremente das ações dos homens poderosos.

O Correio Braziliense era vendido somente por assinatura, e suas mais de cem páginas o tornavam um jornal caro, que acabava endereçado apenas para a elite intelectual brasileira, mesmo assim com cerca de 3 meses de atraso, já que sua confecção no formato brochura levava quase um mês e somava-se a isso os cerca de 40 dias de transporte marítimo.

Abaixo, a transcrição “sem tradução” de um trecho da primeira página da primeira edição do Correio Braziliense:

O PRIMEIRO dever do homem em sociedade he de ser util aos membros della; e cada um deve, segundo suas forças Phisicas, ou Moraes, administrar, em beneficio da mesma, os conhecimentos, ou talentos, que a natureza, a arte, ou a educação lhe prestou. O individuo, que abrange o bem geral d’uma sociedade, vem a ser o membro mais disticto della: as luzes, que elle espalba, tiram das trevas, ou da illuzão, aquelles, que a ignorancia precipitou no labyrintho da apathia, da inepcia, e do engano. Ninguem mais util pois do que aquelle que se destina mostrar, com evidencia, os acontecimentos do presente, e desenvolver as sombras do fucturo. Tal tem sido o trabalho dos redactores das folhas publicas, quando estes, munidos de uma critica saã, e de uma censura adequada, represêntam os factos do momento, as reflexoens sobre o passado, e as soldidas conjecturas sobre o fucturo… (segue)”

É justamente esta crença humanista que nos move, selvagens pensadores – a da capacidade do homem, moldado pelos estímulos ao qual foi submetido e tendo filtrado da natureza, da arte e da educação o conhecimento necessário – rumo às mudanças que promoveremos.

Através deste espaço, onde esperamos alçar ao grau máximo o livre debate das idéias, pretendemos encontrar formas práticas para o aperfeiçoamento contínuo e sustentável dos povos e dos indivíduos. Levando-se em conta que, nestes 200 anos a mídia vem sofrendo um shifting, uma mudança de rumos sensível – apesar de ainda incipiente – da mídia impressa, televisiva e radiodifundida para a internet e que cada vez mais ferramentas como os blogs e o You Tube, por exemplo, democratizam o espaço do jornalismo, da novidade e da discussão dos temas mais variados, não podemos mais deixar que meios que se encontram nas mãos de classes sociais e partidos políticos possam dizer o que acontece e o que deve ser feito – estando fechados a qualquer tipo de crítica que vá contra quem os patrocine. Apesar de, sob nenhuma forma ser contra o patrocínio privado da estrutura que o mantém, O Pensador Selvagem faz questão de deixar claro que, sob nenhuma hipótese, forças financeiras poderão impor censura em qualquer canal ou seção deste site e a aceitação deste princípio, garantidor fundamental de nossa credibilidade, é básico e necessário para qualquer parceria a ser realizada nos anos por vir.

Recebendo qualquer idéia, não importando de qual credo, corrente filosófica, política, racial, de maioria ou minoria, desde que em alto nível, e recebendo de forma imparcial estas idéias, O Pensador Selvagem espera contribuir decisivamente para alcançar, de forma real, a verdadeira democracia – aquela em que o debate amplo das idéias em uma Arena ou Praça de Debates, sirva para que as decisões realmente justas, verdadeiras e boas sejam tomadas.

Somente aí, quando todos que por determinado assunto se interessam puderem expressar sua impressão sobre o mesmo, poderemos dizer que atingimos nosso objetivo. Enquanto isso não acontece, seguiremos encontrando alternativas para dar voz àqueles que estão fora do círculo de dinheiro e poder que hoje fomenta parte da grande imprensa brasileira e mundial.

Rafael Reinehr

Fontes consultadas:

Correio Braziliense na Wikipedia

Cristiana Felippe, no Observatório da Imprensa

A partir desta edição, O Pensador Selvagem conta com um novo sistema de publicação de artigos. Trazemos, já desde a semana que passou em fase experimental um agregador de feeds que trará, diretamente de blogs especialíssimos convidados pela Comissão Editorial e pelos Editores das Seções, artigos referentes e relevantes às diferentes Seções do OPS!

O próximo mês ainda será um “mês de testes” para deixar a nova ferramenta funcionando do jeito que queremos. Sempre ao final do texto, um link para o artigo original, como não poderia deixar de ser, para que o leitor do OPS! possa conferir outros artigos do autor em questão.

Quero noticiar também as novas Seções, colunistas e editores que se uniram ao projeto. Sejam muito bem-vindos Francisco Grijó, que passa a publicar suas resenhas e impressões acerca da literatura, música, cinema e quadrinhos nas páginas do OPS!; Pedro Serra, que diretamente do Rio de Janeiro nos brindará com dicas de viagem e locais a visitar, em sua coluna Sem Destino, na seção Viagem e Turismo; Milton Ribeiro, que além de Editor de Esportes e Música passará a contribuir com suas impressões acerca da Literatura e Cinema; ao professor Cesar Kiraly, que passará a acumular as Editorias de Política (juntamente com Ricardo Montero) e Filosofia; Gledson Souza, que estreou nesta semana a coluna Tempus Fugiens, brilhantemente inaugurada com seu artigo sobre o Mito de Atalanta; Luiz Carlos Garrocho, que inaugura a novíssima Seção Infância no OPS!, com sua coluna Cultura do Brincar e, em breve também discutindo estética da arte e filosofia em sua coluna dentro da Seção de Artes Cênicas, que inauguraremos ainda nesta semana; Cláudio André de Souza, bacharelando em Ciência Política estréia ainda nesta semana com sua coluna Pólis na Seção Política. A todos, muito obrigado pela confiança e empenho.

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Rafael Reinehr