Fim do Horário de Verão

___Durante o final de semana, terminou, para algumas regiões do país, o Horário de Verão. Eu sei que existem pessoas para quem essa mudança é horrível, que atrapalha o cotidiano, etc.. Eu encaro de outra forma e gostaria de dividi-la. Quem sabe mantenho sorrindo quem gosta da mudança de horário e até mudo um pouco o olhar de quem não aprecia.
___Utilizado, normalmente, com o objetivo de economizar energia (não é à toa que, nos Estados Unidos ele é conhecido como Daylight Saving Time), eu encaro o Horário de Verão como um tributo à vida. O ponto é simples: de um dia para o outro há uma grande mudança de cenário. O maravilhoso céu que você via todo dia quando acordava para ir ao trabalho, aquele céu que talvez você já tivesse esquecido de olhar, muda totalmente de um dia para o outro. Como se tivessem colocado uma pintura nova em uma sala de museu. Uma pintura que esfrega toda a sua beleza no seu rosto.
___Foi fazendo minha graduação, no Departamento de História da USP, que eu aprendi a me maravilhar assim. O prédio do Departamento de História é super estranho e, por um capricho arquitetônico do autor, não tem a parede do fundo, só a da frente. O que há de mais fantástico é que o fundo do prédio é voltado para oeste e, portanto, durante toda a minha graduação eu, estudante do período noturno, pude ver o sol se pôr. Todos os dias. Quando mudava de horário, então, eu via o sol em outro ponto, todo aquele belo pôr-do-sol ficava diferente. Eu, que já ficava boquiaberto, por algumas semanas quedava mais embasbacado ainda. Todo mundo deveria estudar em um lugar assim.
___Além disso, que maravilha é ter mais uma hora de luz por dia durante alguns meses. É possível aproveitar infinitas novas possibilidades de se viver por conta disso. Tanto que adoro como chamam o Horário de Verão na Itália: Hora Legal (Ora Legale). Só que prefiro encará-la não do modo burocrático, mas como uma hora divertida a mais para se aproveitar a vida. Talvez o ponto de gostar ou não do Horário de Verão seja exatamente esse: saber como encarar.

 

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M. Ulisses Adirt