Você é homem ou mulher? Ou um par de Hermafrodito? Tem certeza de sua resposta???

Você conhece, mesmo, sua sexualidade? Vamos conferir…

Filho de uma aventura fugaz entre Hermes e Afrodite, ele nasce. Hermafrodito, moço de beleza incomum, incapaz de se apaixonar por uma mulher. Mesmo quando Salmacis, uma ninfa aquática, o vê nadar nu em seu lago e demonstra seu amor, ele a nega. Cega de paixão, ela implora aos deuses que os unam. E os deuses atenderam. Homem e mulher unidos em um único corpo.

E assim nasce, sob a mitologia grega, o hermafroditismo. Problema de má formação embrionária e pouco divulgada, o mesmo é comumente lembrado nesta época, nos jogos olímpicos, quando nossa judoca Edinanci Silva aparece na TV. Antes das olimpíadas de Atlanta, em 1996, Edinanci passou por uma batelada de exames e cirurgias para retirar os testículos (orquiectomia), que estavam internos em seu organismo, além de outra para redução do clitóris (clitoriodectomia) que, em situação de excitação, poderia responder da mesma forma que um pênis.
Ao efetuar orquiectomia os níveis de testosterona (hormônio masculino) caíram radicalmente do organismo da judoca. Assim ela ganhou seu “cartão rosa” de atleta, cedido pelo COI.
Edinanci, infelizmente, não poderá ter filhos, não possui seios e se sente incomodada quando é olhada de rabo de olho por causa de sua altura e compleição física. Mas nada nem ninguém abalam a certeza dessa paraibana de que ela é mulher, sim! Nanci ou Ninha, dizem, é uma moça meiga, gentil e até ingênua. Foge de baladas, de maquiagem ou roupas tidas como femininas dizendo, no alto do total controle de sua situação, que pareceria “travesti”. Ela não menstrua, o que impede a geração de filho. Mas Edinanci sonha em casar e adotar filhos. Simples sonhos femininos.
Outro caso difundido foi em 2004, quando uma mulher israelense descobriu, aos 42 anos, que era hermafrodita. Com seu organismo não reagia ao hormônio masculino utilizado no tratamento que estava fazendo, descobriu sua situação. Já havia consultado um médico, aos 18 anos, porque não menstruava e ele nada viu de “diferente”. Alguns dias depois da descoberta, ela passou pela mesma cirurgia que a judoca.
O hermafroditismo é um problema raro se comparado aos nascimentos. Tão raro que os cientistas ainda não sabem, com certeza, a causa desta disfunção. Em alguns casos a causa é a “dispermia”, quando dois espermatozóides fecundam partes diferentes do óvulo – um o fecunda e, o outro, o corpúsculo polar, criando assim, dois zigotos – numa mesma pessoa.
O hermafroditismo encontra seu final na puberdade, quando a pessoa que o tem define sua opção sexual. No caso de Edinanci, ela “é” mulher, sempre se sentiu mulher, por isso a opção pela retirada dos testículos. Quando o hermafrodita sente-se, reage, “é” homem, a saída é a prótese peniana na região que, numa mulher, seria o clitóris, além da retirada do útero, órgão presente na grande maioria dos hermafroditas. Apesar de se “sentir” homem, a menstruação ocorre na puberdade e cessa na fase adulta, o que pode confundir ainda mais na hora da opção sexual.
Só para fechar a matéria (não. Não vou perguntar o que você é!), a título de curiosidade: os primeiros registros médicos citando a disfunção são datados de 1817 e, dizem as más línguas, que Joana D’Arc e a rainha Elizabeth I da Inglaterra nasceram com o mesmo problema.

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Sandra Pontes