O que aprendi nos filmes By Marcelo Guerra / Share 0 Tweet Ricardo Darín pode te mostrar como sair dela “Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!Pobre esperança a de existir somente!Como quem passa a mão pelo cabelo.”Fernando Pessoa Uma das nossas necessidades mais essenciais é a segurança. Queremos segurança financeira, segurança para poder andar na rua sem levar um tiro, segurança nos relacionamentos, segurança no trabalho, segurança no trânsito, e por aí vai. É uma necessidade real e válida. Em nome da segurança construímos casas e moramos dentro delas, e nelas colocamos tudo aquilo que queremos proteger: nossa família, nosso relacionamento, nossas contas, nosso carro. Estabelecemos um comportamento que cria uma zona de conforto em nossa vida. Nesta zona de conforto nos sentimos a salvo das ameaças que o mundo oferece com uma frequência muito maior do que gostaríamos. Este comportamento vira uma rotina, e dentro dela nos movimentamos com desenvoltura. O problema começa quando a zona de conforto e a sua aliada, a rotina, assumem proporções grandiosas, ofuscando a nossa essência. Nesta zona de conforto nos sentimos a salvo das ameaças que o mundo oferece. Isso faz com que você sinta esgotado, sem disposição mesmo para as mínimas atividades, mesmo aquelas que você gosta. É como se você estivesse vivendo um sonho que já não lhe traz realização, somente obrigação e peso. É chegada a hora de buscar novos sonhos! O filme argentino “Um Conto Chinês”, com o sempre ótimo Ricardo Darín, fala sobre um homem que preza sua zona de conforto mais do que tudo, alguém que vive engolido pela rotina. Este homem encontra um chinês que não fala espanhol, perto do aeroporto, após ter sido expulso de um táxi. Este encontro, uma intervenção do acaso (será mesmo?) vai transformar a sua vida, fazendo-o rever sua zona de conforto. É um excelente filme, que traz uma reflexão muito profunda sobre como o que fazemos em nome da segurança pode tornar-se um obstáculo à nossa realização como seres humanos. Viver alijado de sentido opacifica o olhar, o sorriso, e deixa o coração enevoado! Nossas buscas mais essenciais, como viver um relacionamento com amor ou trabalhar dentro de nossas habilidades e vocação, podem ser mascaradas pela zona de conforto, causando um descontentamento constante, que envenena nossas vidas e pode nos tornar amargos, sem brilho nos olhos. Viver alijado de sentido opacifica o olhar, o sorriso, e deixa o coração enevoado! Por isso, ame loucamente, trabalhe com tesão, encontre sentido nas suas ações, impeça que o dragão da rotina mastigue seus ossos e cuspa-os na sua cama à noite, para novamente mastigá-lo logo cedo no dia seguinte. Tudo isso sem precisar abrir mão da responsabilidade. Olhe para o mundo como se você não o conhecesse, mude a posição em que você senta no trabalho, mude de lado na sua cama, procure novos ângulos. Abra um espaço para o inesperado na sua vida, você vai se surpreender!