Deus é brasileiro? Não sei, mas o Demo com certeza é!

 

Imagine um adolescente com uma educação formal e familiar razoavelmente boa. Sem dúvida há de se interessar pelas redes sociais um pouco além dos simples “sahuashausahusah’s”. O que ele verá? Uma pequena viagem pelas redes mais populares nos permite ver alguns dos maiores problemas em pauta, hoje, no Brasil e com os quais nosso suposto adolescente se impressiona:
 
– Privataria Tucana
– Demóstenes e Cachoeira
– Sexo com menores de 12 anos sob aprovação do Poder Judiciário
– estado laico
– estado violento (Pinheirinho, USP…)
– estado com investimentos em saúde e educação abaixo do mínimo necessário
– Copa do Mundo 2014
– GLBT, indígenas e direito das minorias
– Belo Monte
– Eleições em São Paulo
– Lula e o SUS
 – Comissão da Verdade e Ditadura Civil-Militar
 
A lista é bem maior, mas é o que veio de chofre ao começar.
 
Os temas acima, apesar de pintados com cores de gravidade nas redes, não significam absolutamente nada para a grande maioria da população brasileira que não tem acesso à internet e trabalha como escrava.
 
Privataria Tucana? Conheci pessoalmente o Amaury Ribeiro Jr, em uma viagem para São Paulo. Sentou ao meu lado no avião. Conversamos. Como bom fã, tirei foto abraçado. As pessoas ficaram nos olhando como se fossemos dois marcianos que conversavam sobre a última tempestade de areia em Marte.
 
Quando o vi, fiz o devido alarde, pensando que talvez tivéssemos uma viagem com uma palestra/entrevista exclusiva. Para minha decepção, creio só eu o reconheci. Privatizações? Nada que o tempo não resolva… E nada que nosso adolescente não entenda…
 
O hit do momento. Um baluarte da nação. Um SENADOR. Sim, com maiúsculas. Ex-procurador-geral de Justiça. Cargo ao qual a sociedade entregou a chefia da sua defesa. Dessa tenho dificuldade em afirmar se nosso adolescente vai compreender.
 
Por falar em compreender, se há algo que foge à compreensão de qualquer adolescente, mesmo daqueles que transam com namoradinhas de 12 anos é essa história de curriculum vitae ser chave que abre porta de cadeia. O mais interessante do fato é a discussão do juridiquês envolvido. Nossos doutos operadores do Direito esquecem que mais de 150 milhões de brasileiros não fazem a mínima ideia do que eles falam.
 
Só resta dizer o óbvio: a que ponto chegaram alguns magistrados brasileiros, que esquecem que são pagos não para dizer o Direito, ou sequer para fazer Justiça, mas para serem o fiel da balança entre a barbárie e a civilização.
 
Andando…
 
O Estado. Laico, violento, incapaz. A laicidade do estado começou a tomar forma, de uns anos prá cá, com a “neo” cruzada contra os ímpios do Congresso, levada a efeito pelos evangélicos. Mas parece ter se consumado com um ato administrativo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, ao proibir, movido por ONGs, símbolos da maioria cristã nos recintos públicos das suas serventias. Questão de fácil compreensão para adolescentes… Ser laico é respeitar a todos… e a nenhum em particular…
 
Estado violento? Sempre foi. Novidade alguma para quem tem que estudar história para o vestibular. Eu mesmo, quando estudante, apanhei diversas vezes do Estado. Por sinal, creio que até é razão de orgulho ter apanhado do Estado. Nada que uma boa roda de cerveja não resolva… Para os que sobreviverem, claro…
 
Inútil? Qualquer adolescente sem instrução sabe que Estado é algo inútil. Inútil é perder tempo aqui com isso…
 
Tanto quanto seria inútil reclamar da eterna vontade do povo de ver a Copa do Mundo ser realizada no Brasil. Da hipocrisia de ver problemas sociais sendo resolvidos apenas porque a Copa é nossa! Enfim, qual adolescente não quer ver a Copa? Fácil aceitar…
 
Eleições em São Paulo, Lula e o SUS, Belo Monte e outras questões correlatas foram citadas para encher a lista. Normalmente aparecem quando há falta de algo com mais substância do que reclamar e apenas pela característica do supremo maniqueísmo com que são tratadas: a favor ou contra. Típico comportamento de adolescente. Eles entendem… (e estão cagando e andando pra elas…)
 
A Comissão da Verdade e a Ditadura Civil-Militar são reflexos da qualidade de vida que atingimos: coisa de velhos. Gente que já durou demais na vida e não tem mais o que fazer a não ser achar sarna pra se coçar. Tem até algumas guriazinhas novas, alçadas a cargos públicos de relativa importância que acham que devem batalhar por isso.
 
Mas pensem bem: quem está no poder hoje no Brasil? Não são os mesmos “torturados/perseguidos” pela ditadura civil-militar? Oito anos de um sociólogo que se refugiou? Mais oito anos de um metalúrgico que sofreu agruras? E quatro anos de uma presa política? Sem falar nos que querem mamar: ex-presidentes e congressitas da UNE? E por aí vai? Isso parecerá um pouco complicado para nosso adolescente, mas nada se compara com o que virá depois do próximo tema.
 
O campeão de audiência, sem dúvida (e sempre foi na história da humanidade) é o sexo. Culpa da cobra, claro! Mas essa é outra de fácil entendimento pelos adolescentes. Sexo é coisa do passado. Culpa pelo sexo também é coisa do passado. Os adolescentes de hoje estão perdidos demais para entender isso. Sexo é bom e pronto! Seja onde for…  Mas é culpa de quem?
 
Todas essas “brigas” são, de uma forma ou de outra, fáceis de resolver. Mas há uma força atuando entre nós que é somente equiparável ao demônio bíblico: rival em pé de igualdade com Deus: o sistema midiático (doravante, onde se lê “mídia”, leia-se “sistema midiático, composto por toda a cadeia interessada na sua existência.”).
 
O maior crime que cometemos contra nossa juventude (e crianças) é fazer pouco para acabar de vez com a diabólica influência da mídia sobre o povo. Se há maldade no mundo, uma das razões é a repetida e consciente vontade da mídia em divulgar o mal, sob o pretexto de “bem informar”.
 
E aqui chegamos ao núcleo do texto: a liberdade de informação, maior arma utilizada pela mídia para defender seu reinado demoníaco sobre as pessoas e o maior crime cometido contra nossas crianças e adolescentes.
 
Sob a bandeira esfarrapada da censura, a mídia defende que nada pode ser contra ela e que somente ela tem o direito absoluto de dizer o que bem entende, acima dos próprios poderes do Estado constituído (em tese) pela sociedade.
 
A censura, única bandeira que resta para a mídia, é um argumento tão fajuto que me admira ter gente “boa”, “do bem”, que defenda ser a mídia censura no Brasil. Sem entrar no juridiquês, desnecessário, mas há um bom “par de anos” é sabido que não existe direito absoluto, mesmo no rol dos fundamentais. Sequer o direito à vida o é!  E que a procura judicial para a defesa de direitos que julgamos foram ou serão ofendido estão, na Constituição, pari passu, lado a lado ao tão propalado direito à informação e à livre expressão.
 
A todos é garantido preservar previamente direito julgado que será ofendido. Menos, parece, para a mídia. Sobrepõe a sua força para fazer valer a visão de que tudo é censura. Faz questão, a mídia, de inculcar no povo a ideia de que somente ter direitos é o que vale. Jamais a de que, antes de direitos, como cidadãos somos seres de obrigações. Nós fazemos um contrato com a sociedade, ela, a mídia, não.
 
Há uma confusão cirurgicamente plantada há anos pela mídia: a de que decisão judicial em sede de liminar constitui-se em censura! Cirurgicamente nos fazem retornar ao medievo ao implantarem uma nova ordem divina, um novo Deus. Modernamente, o tal de quarto poder! (mais conhecido como PIG. Mas, lembremos que há os pequenos em cada recanto desse país…).
 
Se há algo pelo qual devemos lutar é, com certeza, não pelos temas apontados no início, mas contra o fim da dominação dessa mídia demoníaca e de seus vassalos.
 
Se fosse jovem hoje, juro que não entenderia como a geração que me precedeu deixou isso acontecer… Eu sou da geração anterior… E estou vendo essa velha mídia do meu tempo ruir…
 
Tenhamos coragem para ajudar nossa juventude para que não sejam mais influenciados pelos grandes e pequenos PIGs…

 

About the author

Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Apenas o que hoje chamam de um idoso. Parodiando Einstein, só uma coisa é infinita: a hipocrisia. E se você precisou saber meu "currículo" para gostar ou não do que eu escrevo, pense bem, você é sério candidato a ser mais um hipócrita!