Hypocrisis By Luiz Afonso Alencastre Escosteguy / Share 0 Tweet Aproveitando o gancho do post do Milton Ribeiro (Entre promessas e constrangimentos, OSPA é homenageada e faz mau concerto) sobre o concerto em comemoração aos 60 anos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – OSPA, lembro que há exatos 35 anos tive meu primeiro contato com a OSPA. Tenho cá comigo, inclusive, uma coleção de programas da época. Já naqueles tempos ouvia espressões como as que o Milton escutou: a OSPA é um “Bem Cultural de Natureza Imaterial”. Ou outras tantas e inúmeras prometendo isso, aquilo e aquiloutro para melhorar a situação. Ainda adolescente, recém tornado universitário, me associei à OSPA para ajudar. Vejam que há exatos 35 anos. Eu mudei, minha vida mudou, outros rumos me afastaram dos concertos; mas uma coisa não mudou: a hipocrisia de 35 anos – ou mais – dos nossos políticos. Sai ano, entra ano e o discurso é sempre o mesmo. Todos os governadores eleitos nesses, repito, 35 anos, mandam representantes dizer a mesma coisa: “os recursos para a construção do novo teatro estão na previsão do futuro governador (…) e da bancada federal gaúcha para o próximo ano.” Fazer, que seria a solução, nenhum deles fez até hoje! O que me leva a crer, após 35 anos, que esse fará? E não é só a questão do teatro. Sobra falta de respeito com os músicos. Salários, condicões dignas de trabalho… Sim, sim, música erudita sempre foi (?), é e deverá continuar sendo coisa de poucos metidos a bestas. Já deram uma olhada na pauta de projetos financiados pelo Estado na área cultural? Desculpem a expressão, mas só pode ser palhaçada isso que fazem com as pessoas. Pra dizer a verdade, a mais pura hipocrisia política. Quando será que algum governador, em vez de mandar dizer, vai mandar fazer? Sei, sei, cultura não dá votos. No máximo alguma polêmica, que se resolve com a troca do secretário. Mais uma razão para estarmos cansados dessa hipocrisia toda… “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes Embuçado nos céus? Há trinta e cinco anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito… Onde estás, Senhor Deus?… Deus! ó deus! onde estás que não respondes?” – Pra ti Eu respondo, meu filho: pra Mim também chega!