Sarah Palin, Michele Bachmann e o “feminismo de direita”


Warning: array_rand(): Array is empty in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 280

Notice: Undefined index: in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 281

Se fosse para definir em uma frase, o feminismo poderia ser apresentado de forma simples como sendo: “A crença de que as mulheres devem ser tão livres quanto os homens e de que deve haver igualdade de oportunidade entre os sexos”.

Se os homens podem ser presidentes dos Estados Unidos, então as mulheres também podem. Com esta idéia feminista na cabeça, duas militantes da Partido Republicano (PR) aparecem como nomes fortes na disputa das primárias do G.O.P. (Grand Old Party – como é chamado o PR): Sarah Palin, ex-governadora do Alasca e Michele Bachmann deputada federal, por Minnesota.

A política é uma das áreas em que existe maior desigualdade de gênero. Nunca, em mais de 200 anos de democracia, houve uma mulher presidenta ou sequer vice-presidenta dos Estados Unidos. No sentido de garantir maior presença das mulheres nos espaços de poder, Palin e Bachmann podem até ser consideradas “feministas”.

Mas o feminismo não é só política de presença. Existe também uma agenda que vem de longe, desde que (entre outras e outros), Olympe de Gouges e Mary Woolstonecraft, ainda no século XVIII, escreveram sobre algumas reivindicações básicas das mulheres. De modo geral, a agenda feminista inclui bandeiras progressistas, que estão no campo das força de esquerda na política, tais como:

•    o direito ao voto para as mulheres (e o direito de serem votadas);
•    Paridade de gênero nos espaços de poder (públicos e privados);
•    direito à educação e às carreiras científicas;
•    acesso ao mercado de trabalho com eliminação da segregação ocupacional e a discriminação salarial;
•    Divisão equitativa de gênero no uso do tempo das tarefas reprodutivas;
•    defesa de políticas para acabar com a pobreza e as desigualdades;
•    direito à livre escolha do parceiro no casamento e direito ao divórcio;
•    direito à união do mesmo sexo e à homoparentalidade;
•    eliminação de todas as formas de violência e discriminação contra a Mulher;
•    controle sobre o próprio corpo em questões de saúde, inclusive quanto ao uso de contraceptivos e ao aborto seguro;
•    defesa do meio ambiente;
•    etc.

Mas esta agenda feminista não faz parte da plataforma de Sarah Palin e Michele Bachmann. As duas são estrelas do ultra-conservador movimento Tea Party e reforçam os discursos do fundamentalismo religioso. Elas são contra a maior presença do Estado para reduzir as desigualdades, são contra o divórcio, contra a união homoafetiva, contra as políticas de planejamento familiar e de direitos reprodutivos, contra o direito ao aborto seguro e contra as medidas de mitigação e combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas. Elas costumam ser definidas como “feministas de direita”, embora esta expressão seja um oximoro, pois são dois termos contraditórios entre si.

O feminismo sempre esteve associado às causas progressistas, pois a liberação das mulheres faz parte de uma libertação mais geral da humanidade.

Evidentemente, seria ótimo que os EUA elegessem uma mulher para a presidência do país. Mas, do ponto de vista da agenda da equidade de gênero, a eleição de uma destas duas estrelas do Tea Party seria um retrocesso. Porém, existem pessoas torcendo para que uma delas vença as primárias do Partido Republicano, pois, sendo tão conservadoras e extremistas, ficaria mais fácil para Barack Obama se reeleger. Não que o atual presidente dos EUA tenha feito grandes progressos, mas certamente ou Palin ou Bachmann, na Presidência, representaria um grande retrocesso político para os Estados Unidos e para o mundo.

About the author

José Eustáquio Diniz Alves