Marina presidenta: mulher negra e verde


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Marina é o Obama de saia? Sua campanha à Presidência vai injetar fôlego novo nas eleições e capacidade de mobilização social em termos de cor, classe e gênero?

Marina Silva nasceu em 8 de fevereiro de 1958, em uma colocação de seringueiras chamada Breu Velho, no seringal Bagaço, a setenta quilômetros do centro de Rio Branco, capital do Estado do Acre. Seus pais Pedro Augusto e Maria Augusta tiveram onze filhos, dos quais sobreviveram apenas oito. Caçou, pescou, trabalhou como empregada doméstica e só foi alfabetizada após os 16 anos de idade. Formou-se em História pela Universidade Federal do Acre. Ela é casada com Fábio Vaz de Lima e tem quatro filhos, Shalom, Danilo, Moara e Mayara.

Marina começou sua carreira política militando nas CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), ligada à Igreja Católica (posteriormente se tornou envangélica). Participou das lutas sindicais e ambientalistas ao lado do seringueiro Chico Mendes e foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1984. Em 1988, foi a vereadora mais votada em Rio Branco. Em 1990, conseguiu o mandato de deputada estadual e, em 1994 e 2002 foi eleita senadora pelo Acre. No Senado desenvolveu projetos como a Lei de Acesso à Biodiversidade, que disciplinou o acesso dos recursos da biodiversidade e ao conhecimento das populações tradicionais. Foi Ministra de Estado do Meio Ambiente, no governo do Presidente Lula, de 2003 a maio de 2008. Tem incontáveis titulos e homenagens recebidas no Brasil e no exterior. (Ver mais dados bibliográficos de Marina em http://marinasilvapresidente.ning.com/)

Marina Silva é uma mestiça e traz no sangue as três cores/“raças” que formam o povo brasileiro: índios, brancos e pretos. Pela definição do IBGE, Marina pode ser classificada como uma pessoa da cor parda. O agrupamento das cores parda e preta é definido como a população negra, segundo a metodologia adotada pela maioria dos pesquisadores brasileiros. O negro é a soma das pessoas que se auto-declaram “pardas” e “pretas”. Portanto, em termos de “raça”, a “indiazinha” Marina pode ser definida como cabocla, mulata ou negra.

Além disto, como defensora do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, Marina pode ser considerada uma pessoa “verde”. Como nativa da floresta e companheira de luta de Chico Mendes, Marina tem uma longa tradição em defesa da Amazônia. No Ministério do Meio Ambiente se opôs aos interesses anti-ecológicos de setores do agronegócio, se contrapôs aos defensores do crescimento a qualquer custo e lutou contra o desmatamento e a perda de biodiversidade. Marina apoia a luta contra o aquecimento global nos níveis local, nacional e internacional

Assim como o presidente Lula, Marina tem o sobrenome Silva, pertence à mesma origem social da classe trabalhadora e do povo pobre que vive do trabalho e da labuta diária para a garantia do seu sustento. Mas Marina é uma novidade nas eleições presidenciais do Brasil, especialmente, por ser mulher, negra e verde (ambientalista). Neste sentido, ela traz uma novidade para a política brasileira assim como Barack Obama foi uma novidade nas eleições americanas.

Em mais de 500 anos, o Brasil nunca teve um presidente do sexo feminino. Nos últimos vinte anos, houve diversas mulheres disputando as eleições presidenciais: Lívia Maria (PN) obteve 179.896 votos (0,26% dos votos válidos), em 1989. Thereza Ruiz (PTN) somou 166.138 votos (0,25%), em 1998. Ana Maria Rangel (PRP) recebeu 126.404 votos (0,13%), e Heloísa Helena (PSOL) alcançou 6.575.393 votos (6,85% da votação válida), conquistando o terceiro lugar na corrida eleitoral, atrás apenas de Lula (PT) e Alckmin (PSDB).

Mas 2010 pode ser o ano que marque a virada na desigualdade de gênero na política. Uma forte candidata é a Ministra Dilma Rousseff que tem apoio do presidente Lula, do PT e de uma ampla coligação de forças que apoiam o atual Governo Federal. A própria Dilma disse: "Eu sempre acho que quanto mais mulher [na política] melhor".

Mas a grande novidade fica por conta da senadora Marina Silva que, caso confirme sua candidatura, junta em uma só pessoa os predicados para a defesa das mulheres (que são cerca de 52% da população do país), dos negros, dos pobres e de toda a população brasileira interessada na defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável e no combate ao aquecimento global. Contudo, na área dos direitos reprodutivos e do Estado Laico a candidata Marina precisa precisar melhor suas propostas.

Certamente Marina Silva, ganhando as eleições terá grandes dificuldades para governar, como Barack Obama está tendo nos EUA e como qualquer presidente tem e terá no Brasil. Mas abaixo segue alguns motivos para a candidatura, segundo a página do movimento Marina presidente (http://marinasilvapresidente.ning.com/):

1. Compreensão da sustentabilidade com profundidade e postura propositiva.
2. Reconhecimento internacional em um contexto de profunda crise ambiental.
3. Capacidade de promover a consciência ética com seu exemplo de integridade.
4. Compromisso com a Educação e com as presentes e futuras gerações
5. Autenticidade do feminino na política.
6. Experiência no poder legislativo e de gestão no executivo.
7. Trajetória política exemplar e amplamente reconhecida, sendo motivo de orgulho do povo brasileiro.
8. Integra senso de conciliação com clara postura política.
9. Liderança histórica nos movimentos sociais.
10. Presença respeitada na opinião pública brasileira a respeito de diversos temas de relevância social.
11. Exemplo de integração da praxis política, social, ambiental, educacional e espiritual.
12. Capacidade de debater com qualidade, não fugindo aos mesmos na defesa de seus ideais.
13. Por ser desprendida das ambições de poder (seu objetivo, por hora, é ser professora, para isso está concluindo um mestrado em pedagogia).
14. Forte conexão com a juventude

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José Eustáquio Diniz Alves