Hypocrisis By Luiz Afonso Alencastre Escosteguy / Share 0 Tweet Houvesse Serra sido eleito e teríamos uma noite inteira de transmissão da festa pelos canais da Rede Globo e congêneres. Os portais de internet mais conhecidos estampariam imensas fotos do novo prefeito de São Paulo. É de se imaginar, inclusive, que as prensas dos jornalões em papel rodassem apressadas matérias já prontas, tudo para ser distribuído ainda na noite de domingo. É de se imaginar o tamanho do prejuízo financeiro que os arautos da “boa nova” política tiveram. Somas enormes investidas para que, ao final de domingo, serem obrigados a tratar a vitória da “oposição” como mais uma mera notícia. Sim, o governo brasileiro – PT, PMDB e seus aliados – é uma aberrante oposição ao PIG. Mas não foi assim. Nada tendo para falar ou comentar que não estivesse diretamente ligado ao enterro político do seu até então maior Quixote, imediatamente começaram a criar factoides para 2014, enaltecendo o crescimento do PSB como uma força a ser já considerada oposição ao projeto do governo para 2014. Bateram, também, na tecla de que o PT, no Nordeste, só ganhou a prefeitura de João Pessoa. Fora uns tantos pequenos comentários na tentativa de desmerecer o que ocorreu em São Paulo. Nas redes sociais, os eleitores “perdedores” propagavam o mesmo pensamento. Das redes não há o que estranhar, dado que são campo fértil para um exercício que os brasileiros, em geral, adoram: falar sem fundamentar. Conversa de boteco. Mas o cenário realista, que poucos dessa turma querem admitir, é outro. Para eleger um presidente em 2014 serão necessários algo como 60 milhões de votos (considere-se que Dilma precisou de quase 56 milhões em 2010).A primeira conta é muito simples (e hilária na sua hipótese): juntos, os partidos de oposição mais fortes, “PSB” e PSDB somam um terço disso em número de votantes. Considerando apenas o 1º turno, PSDB fez 13.842.265 (3º) votos e o PSB 8.600.892 (4º). Some-se e temos 22.443157, isto é, um terço do necessário para eleger um presidente. Tomando os cinco maiores partidos da base aliada (considerando que o PSD deverá se abraçar com a Dilma. Afinal, o “titio já era”), já temos 51.295.298 votos. Claro que eleições não são assim, tão numéricas. Sabemos disso. Mas também sabemos mais: sabemos que essa mesma base aliada governa 101,39 milhões de brasileiros, contra apenas 46,08 para a “oposição” do PSB e PSDB. (lembro: sem considerar o 2º turno). Ainda há mais a ser desconsiderado pelo PIG e oposição: PT (409, 558, 634) e PSB (174, 310, 434 – 1º turno) são os únicos partidos que apresentam um crescimento constante no número de municípios que governam, desde 2004. E é nisso que parecem se agarrar os analistas do PIG e seus simpatizantes. Preferem achar que o crescimento do PSB represente uma ameaça e, portanto, que devem apostar suas carcomidas fichas psdebianas nele. O PSDB, por sua vez, é o único partido que apresenta uma constante perda de prefeituras (isso o PIG também esconde): de 865 em 2004, passando para 791 em 2008, para chegar em 2012 com 689, pouco mais que o PT. O PMDB, da base, segue sendo o maior partido em número de municípios, apesar de ter recuado para um número inferior ao de 2004. Uma outra corda onde tentam se agarrar para não afundar nas análises é o número de abstenções, brancos e nulos. Em São Paulo, por exemplo, alardeiam que as abstenções “bateram recorde” no 2º turno, atingindo a assombrosa marca de quase 20%. Há maneiras e maneiras de dizer que TÃO SOMENTE 2% são importantes. Primeiro, desconsideram o fato de que historicamente o percentual de abstenções, nulos e brancos, situa-se entre 25% e 28%. E, em geral, a abstenção no 2º turno é sempre maior que no 1º turno. E por uma razão mais simples do que ousa sonhar a vã filosofia pigueana: tem gente fiel ao seu candidato de 1º turno e de forma alguma votará em outro. Basicamente é essa a razão para o aumento no percentual do 2º turno em relação ao primeiro. Por outro lado, há que se admitir que existe, sim, uma parcela significativa de pessoas que ou não aceitam que sejam obrigados a votar, ou que simplesmente não querem votar. Exercem seu natural direito se abstendo, anulando ou votando em branco. Serão os analistas do PIG e seus simpatizantes tão incapazes assim de perceber a força disso tudo para as eleições de 2014? Será que um governador de estado, que representa tão somente a quinta força política no país vai se arriscar a se associar a um projeto amplamente derrotado no país tão somente para satisfazer o PIG (e o ego) e se tornar candidato em 2014? Com quem ele poderá contar, nos quadros do PSDB para tanto? Que ideias o PSDB tem para o país que já não tenham sido rechaçadas estrondosamente em 2012? Mas a hipocrisia do PIG é tão grande, que até defender o socialismo (Não é Partido Socialista Brasileiro?) vale na hora de não perder a chance de continuar a determinar os rumos do povo. Por fim, os números mostram CABALMENTE que a aposta no mensalão demonstrou o quilate de tantos quantos peleiam pelo PIG: gente incapaz de perceber que o povo sabe diferenciar alhos de bugalhos. Sabe bem que o fato de alguns terem sido condenados não significa que os partidos o sejam; sabe que nos partidos existem boas e más pessoas, como em todo lugar. E que muitos, inclusive, tenham interpretado o julgamento como algo bom para os partidos, como uma espécie de necessária purificação. O PIG apostou mais uma vez na ignorância do povo. Do povo que ele mesmo tenta transformar em ignorantes. Perdeu. A hipocrisia perdeu. Venceu um povo que a cada dia se transforma; que a cada dia percebe que a realidade só se muda com ações e não com promessas e esperanças. Esse é o tamanho da oposição ao PIG.