Hypocrisis By Luiz Afonso Alencastre Escosteguy / Share 0 Tweet O governador Tarso Genro, em artigo publicado hoje, 13/07/13, no blog “rsurgente” (http://rsurgente.wordpress.com/2013/07/13/para-o-gigante-ja-acordado-caminhar-melhor/) faz algumas considerações acerca de questões de ordem programática, como possível composição para o próximo governo (“Hoje seria necessário, portanto – para que o próximo governo não seja um governo de crise – desenhar as alianças a partir de um programa claro, não confeccionar as alianças para daí resolver o que fazer”). Termina o texto perguntando: “Pode, o PT?” Estivesse eu na pele do governador e outra teria sido a minha pergunta: o que é, afinal, o PT? A pergunta me parece pertinente em vista do que escrevi em 27/12/2012: “Quando uma ideologia perde os jovens, quem perde é a ideologia” (http://ochato.opsblog.org/2012/12/27/quando-uma-ideologia-perde-os-jovens-quem-perde-e-a-ideologia/), nem antes, inclusive, de que alguém pudesse imaginar que o Junho2013 fosse acontecer. O próprio governador aponta, mesmo que brevemente, a questão ao dizer que “As mobilizações ocorrem quando têm bases na vida diária das pessoas e no seu anseio efetivo por mudanças”. Quem mantém a existência do PT é o governo com suas ações. E mesmo que se diga que as ações de governo são aquelas previstas no programa do PT, o povo apenas percebe as mudanças ocorridas e, por isso, segue votando, no governo. Se a oposição conservadora e neoliberal resolver abraçar a causa social, o governo atual perde. Com ou sem PT. Se o governo se dá ao direito de ser pragmático na governabilidade, o povo também. Qualquer um que mantenha a atual situação do país, ganha as eleições de 2014. E com mais facilidade, ainda, se pensarmos na ponta oposta: os abandonados pela ideologia, os jovens e os não tão jovens que estão nas ruas protestando. A “base da vida diária” dessas pessoas tem sido uma total indiferenciação entre o que seja uma ideologia de esquerda e uma de direita. O Partido dos Trabalhadores nasceu maior que a classe dos trabalhadores. Também nasceu como partido da vanguarda intelectual, partido dos estudantes, partido de todos quantos, na base da vida diária, enxergava nele um norte ideológico, o possível mundo novo melhor. Havia amor, porque havia identificação. Quem hoje se identifica? Não os que estão na rua. O governador fala em “Formar as alianças com um programa capaz de dar um novo impulso ao iniciado em 2002: fundos específicos e vinculados para a reforma agrária; para a mobilidade e o transporte coletivo urbano; para a saúde pública e a educação, com os percentuais do PIB respectivos – crescendo ano a ano – para cada setor, vislumbrando o ponto ótimo à médio prazo. Colocar, assim, explicitamente em lugar dependente, os demais compromissos orçamentários e inverter, desta forma, a hierarquia orçamentária atual, que tem na dívida e não no povo, o seu fator determinante”. Com o devido respeito, mas um típico discurso que qualquer um pode fazer. É um discurso programático e não ideológico. E é pela falta de uma ideologia que as pessoas vêm abandonando o PT. Se perguntarmos a quem está nas ruas o que significa ser de esquerda, garanto que um mínimo, dentre os milhões, saberia explicar. A esquerda se perdeu. O PT parece estar se perdendo da esquerda. O mundo está perdendo a esquerda. Torna-se imperioso o que diz o governador: “É preciso, para que isso ocorra, que o PT como partido majoritário da esquerda, volte a ser um partido-sujeito, de governo, de luta e de movimento.” Que volte a ter uma ideologia clara para todos, não apenas para os seus membros. A juventude está perdida e pragmática? Quando o maior partido de esquerda se perde e se torna pragmático, não se pode esperar outra coisa! Pode, o PT? No andar da carruagem, temo em aceitar e dizer que não, não poderá o PT!