Spiritum By Marcelo Guerra / Share 0 Tweet “O Deus que há em mim saúda o Deus que há em você.” Namastê é uma saudação de origem hindu. Através deste gesto, as pessoas elevam-se acima de suas diferenças e buscam uma conexão com o outro. Há quase 11 anos atrás estive no Nepal, estudando Medicina Ayurvedica e Medicina Tibetana, e conhecendo a cultura local. De tudo, o mais fascinante é a forma de cumprimento que eles usam, o Namastê, em que as duas mãos se unem na frente do peito, e a cabeça é inclinada para frente. O significado deste cumprimento é “O Deus que há em mim saúda o Deus que há em você.” Neste gesto e nesta palavra há implícito um enorme respeito pelo outro ser humano, que é considerado um portador de Deus. Diante de tanta violência, de tantos desrespeitos, esquecemos que o ser humano é o que há de mais sublime na Terra. E nossos atos precisam ser permeados pelo que temos de Deus dentro de nós. Portanto, através deste gesto, as pessoas elevam-se acima de suas diferenças e buscam uma conexão com o outro. Vejamos alguns exemplos de como esquecemos que Deus está dentro de cada ser humano. No fim do ano de 2007, um rapaz foi torturado até a morte dentro de casa por PMs no estado de São Paulo. No reveillón de Copacabana foram disparados tiros no meio da multidão e a suspeita maior é de que foram disparados na própria praia. A mídia fala incessantemente sobre o aquecimento global e, no entanto, no período de estiagem foram feitas várias queimadas criminosas. O Deus que está dentro de nós pode ser chamado por vários nomes, como Eu Superior, Eu Interior, Poder Superior, etc, mas é o mesmo princípio de que somos mais do que podemos ser, somos mais do que nosso cotidiano de trabalho, preocupações, contas, engarrafamentos e más notícias nos permite acreditar. Leonardo Boff escreveu um livro chamado “A Águia e a Galinha”, que fez grande sucesso nos anos 90, e dele extrai este trecho abaixo: Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga? (Leonardo Boff) Saber reconhecer em si esta qualidade divina é o diferencial que pode tornar nosso mundo mais fraterno e agradável de se viver. Portante, Namastê para você! Marcelo Guerra