A geração nem-nem

Existe uma parte dos jovens brasileiros que nem trabalham e nem estudam. É a chamada geração nem-nem.

Segundo estudo das demógrafas Ana Amélia Camarano e Solange Kanso, do IPEA, existiam 8,1 milhões de jovens (de 15 a 29 anos) que estavam fora da escola e do mercado de trabalho em 2000 (16,9% da população jovem), atingindo 8,8 milhões (17,2%) em 2010.

Segundo as autoras “Esse crescimento foi diferenciado por sexo. Enquanto o contingente masculino aumentou em 1.107 mil pessoas, o de mulheres diminuiu em 398 mil. Do total de homens jovens, 11,2% encontravam-se na condição de não estudar e não trabalhar em 2010. Entre as mulheres, o percentual foi bem mais elevado, 23,2%, apesar do percentual de homens ter aumentado e o de mulheres diminuído. Do total de jovens que não estudavam e não participavam do mercado de trabalho, 67,5% era composto por mulheres, embora esta participação venha decrescendo desde os anos 1980” (p. 38).

Ainda de acordo com o estudo do Ipea, aproximadamente dois terços das mulheres que não estudavam e não trabalhavam eram casadas e 61,2% já tinham filhos em 2010. Portanto, eram mulheres que dedicavam a maior parte do seu tempo aos afazeres reprodutivos, que não são contabilizados nas Contas Nacionais.

Já o crescimento dos homens que não estudam e não trabalham é preocupante, pois além de ser um desperdício do pontencial humano, em termos macroeconômico, reflete também a falta de oportunidade de trabalho decente, que é um direito humano básico.

Existem diversas pessoas que dizem que o Brasil está passando por um processo de “apagão de mão-de-obra”. Contudo, estes dados sobre a “geração nem-nem” mostram o quanto o Brasil está distante de atingir a situação de pleno emprego e de engajar sua juventude em atividades que sejam engrandecedoras dos indivíduos e de uma nação justa, prospera e ambientalmente sustentável.

 

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José Eustáquio Diniz Alves