A população de Portugal em 2100

 

Portugal foi uma potência mundial entre os séculos XVI e XVIII, tendo conquistado colônias nas Américas, na África e na Ásia, mesmo sendo um país pequeno em termos territoriais e populacionais. Mas Portugal ficou para trás depois da revolução industrial que foi a responsável pela decolagem da Inglaterra, do norte da Europa e depois dos Estados Unidos. Portugal ficou muito menor economica e politicamente depois da Independência do Brasil, em 1822, e se enfraqueceu muito no século XX, quando passou por várias mudanças, com o fim da monarquia e a implantação da República em 1910, a ditadura salazarista de 1933 a 1974. A Revolução dos Cravos, de 1974, possibilitou a redemocratização do país e a entrada na União Europeia em 1986. Houve uma euforia com a integração europeia, mas a crise econômica recente tem deixado o país sem muita esperança no futuro.

Portugal tinha uma população de 8,4 milhões de habitantes em 1950 que cresceu até próximo de 9 milhões no inicio da década seguinte. Porém, nos anos de 1960, Portugal teve a população reduzida devido à emigração para os países mais ricos da Europa. Mas nos anos de 1970 a população voltou a crescer e chegou a 10,7 milhões em 2010. Mas o país deve atingir o seu pico populacional no quinquênio 2010-15, para, em seguida, iniciar um declíno que será dificil de ser revertido.

A ONU estima, para o ano de 2050, uma população portuguesa de 10,5 milhões na hipótese alta, de 9,4 milhões na hipótese média e de 8,3 milhões, na hipótese baixa. Para o final do século as hipóteses são: 11 milhões de habitantes na hipótese alta, de 6,8 milhões, na média, e somente 5 milhões na hipótese baixa. A atual crise econômica que atinge de forma aguda a Península Ibérica está acentuando a tendência de queda populacional e Portugal pode chegar em 2050 com uma população menor do que aquela que tinha cem anos antes.

Depois da crise econômica de 2008, Portugal tem perdido população especialmente entre os jovens que buscam oportunidades de empregos em outros países, inclusive no Brasil. Mas a queda da população deve ocorrer em função da baixa demanda por filhos.

A taxa de fecundidade total (TFT) em Portugal era uma das mais altas da Europa no quinquênio 1950-55, embora o número de 3,1 filhos por mulher fosse a metade da taxa brasileira na época. Mas em 2005-10 Portugal já tinha uma taxa de 1,36 filhos por mulher, uma das taxas mais baixas da Europa. Isto significa que mesmo com esta taxa aumente um pouco nas próximas décadas, a população portuguesa deve envelhecer e diminuir. A idade mediana (que divide a população no meio) era de 26 anos em 1950, chegou a 41 anos em 2010 e deve atingir 52 anos em 2050, o dobro de cem anos antes. A maior carga demográfica da população idosa vai sobrecarregar as gerações mais jovens (em idade de trabalhar) que já sofrem com o desemprego e a falta de perspectivas econômicas.

Portugal apresentou avanços significativos especialmente na redução da mortalidade infantil que era de 93 por mil em 1950-55 e caiu para  4,5 por mil em 2005-10. Ao mesmo tempo, a esperança de vida passou de 60 anos para 78,6 anos no mesmo período. O número de nascimentos caiu de 204 mil bebês em 1950 para a metade em 2010, podendo chegar a 75 mil nascimentos no ano 2050. Neste ritmo a população de Portugal pode ficar em 3,7 milhões de habitantes (hipótese baixa) em 2100, significando cerca da metade da população atual da cidade do Rio de Janeiro.

Entre 1980 e 2000 o IDH de Portugal subiu de 0,64 para 0,78, um aumento de 22% em 20 anos. Porém entre 2000 e 2011 (0,81) o IDH aumentou apenas 4% em 11 anos. Com a redução da renda per capita pode ser que o IDH diminua na atual década, pois o país está endividado e com déficits fiscais e comerciais muito elevados.

Ao mesmo tempo, Portugal possuia um grande déficit ambiental em 2008, pois possuia uma pegada ecológica per capita de 4,1 hectares globais (gha) e uma biocapacidade per capita de apenas 1,29 gha, segundo o relatório Planeta Vivo, da WWF. O país tem investido em energia eólica e solar, mas ainda não foi capaz de mudar sua dependência dos combustíveis fósseis, especialmente do petróleo importado.

A entrada na Área do Euro foi considerada boa para o país, pois melhorou a infraestrutura, mas, ao mesmo tempo, perdeu competitividade interncional. As perspectivas econômicas do país não são boas e os portugueses podem sofrer uma regressão no padrão de vida nos próximos anos. O futuro de Portugal não parece muito promissor, pois o país deve decrescer sem prosperar qualitativamente.

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José Eustáquio Diniz Alves