A população do Irã em 2100

A República Islâmica do Irã, ou Irã (terra dos arianos) era conhecido como Pérsia e é um país com grande importância geográfica, pois ocupa um lugar estratégico entre a Europa, do lado Ocidental, a Ásia, do lado Oriental, a Rússia, ao Norte e a África e a Índia, ao Sul.

A história do Irã, ou Pérsia, é conhecida desde 3200 a.C. Ao redor de 1500 a.C. fixaram-se várias tribos arianas, entre as quais os Medos e os Persas. Alexandre, o Grande, conquistou a Pérsia em 331 a.C. O Império Romano nunca conseguiu conquistar o território, mas os árabes conquistaram o país por volta do ano 650. O Zoroastrismo, religião da Pérsia, foi gradualmente substituído pelo islã. Em 1979, com a Revolução muçulmana liderada pelo aiatolá Khomeini, o país se tornou uma República Islâmica.

A população do Irã era de 17,4 milhões de habitantes em 1950 e passou para 74 milhões em 2010. O número de habitantes mais do que quadruplicou em 60 anos. Porém, as projeções da ONU indicam uma população, em 2050, de 99 milhões na hipotese alta, de 85,3 milhões na hipótese média e de 73 milhões na hipótese baixa. Para 2100 as três hipóteses são: 109 milhões, 62 milhões e apenas 31,4 milhões na hipótese baixa.

Ou seja, a população atual do Irã pode diminuir um pouco até 2050 e cair para menos da metade até 2100, na hipótese baixa. Esta possibilidade não é impossível, pois o Irã tem sido o país que apresentou a mais rápida transição da fecundidade do mundo. A taxa de fecundidade total (TFT) estava em 6,9 filhos por mulher no quinquênio 1950-55 e caiu ligeiramente para 6,2 filhos em 1970-75. Porém, após a Revolução Islâmica, de 1979, a fecundidade voltou a subir para 6,5 filhos em 1980-85. Porém, em apenas 20 anos a TFT caiu para 1,96 filhos por mulher no quinquênio 2000-05 e deve cair para 1,6 filhos por mulher até 2050, segundo a projeção média da ONU.

Esta queda da fecundidade de 6,5 filhos para 1,96 filhos em apenas 20 anos é um recorde absoluto no mundo, sendo que o Irã já tem uma fecundidade abaixo do nível de reposição, indicando que haverá declínio da população depois que passar o efeito da inércia demográfica.

A redução da fecundidade tem contribuido para a ampliação do bônus demográfico e para a redução das taxas de mortalidade infantil. As taxas de mortalidade infantil estavam em impressionantes 262 mortes de crianças até um ano de idade para cada mil nascimentos no quinquênio 1950-55, caiu rapidamente para 27 por mil no quinquênio 2005-10 e deve atingir 11,9 por mil no quinquênio 2045-50 e 6,4 por em 2095-00. Já a esperança de vida subiu de 38,8 anos, para 72,1 anos, devendo atingir 78,9 anos e 84,2 anos, nos mesmos quinquênios.

Como o Brasil, o Irã vai passar por um rápido processo de envelhecimento. A idade mediana da população era de 22 anos em 1950, caiu para apenas 17 anos em 1990, passou para 27,1 anos em 2010 e deve chegar a 47,2 anos em 2050 e se manter neste patamar até 2100.

A continuidade da queda das taxas de fecundidade pode ajudar ao Irã avançar na qualidade de vida de sua população e a enfrentar os problemas ambientais. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) passou de 0,44 em 1980 para 0,71 em 2011. Porém, o Irã é muito dependente do petróleo e vai ter que se preparar para a era do fim dos combustíveis fósseis. A busca de energia nuclear poderia ser uma saída, mas a possibilidade do país ter uma bomba atômica assusta o mundo ocidental.

A pegada ecológica do país era de 2,66 hectares globais (gha) em 2008, para uma biocapacidade de somente 0,84 gha, de acordo com o relatório Planeta Vivo, da WWF. Portanto, o país possui um déficit ambiental e necessita importar grandes quantidades de alimentos. Mas o país enfrenta um embargo das exportações de petróleo o que dificulta a disponibilidade de divisas.

O aumento do preço dos alimentos foi um dos estopins da Primavera Árabe. O atual governo do Irã já reprimiu a “Primavera de Teerã”. Atualmente, enfrenta uma grande desvalorização da moeda e o aumento da inflação. As tensões estão aumentando na região. Uma explosão social e ambiental no Irã, pode se espalhar por todo o Oriente Médio, aumentando o preço do petróleo e jogando o resto do mundo em uma dura recessão, com grandes danos de qualidade de vida da população mundial.

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José Eustáquio Diniz Alves