Mudanças climáticas, seca no Nordeste e seus impactos econômicos e sociais

As mudanças climáticas já estão provocando muitos prejuizos econômicos em todo o mundo, como aconteceu nos furacões Sandy no Caribe e América do Norte e Bopha nas Filipinas. Mas também no Brasil, como demonstra a seca do Nordeste.

A estiagem secou os reservatórios em São Bento do Una e o colapso no abastecimento de água provocou uma crise sem precedentes no município que mais produz ovos e carne de frango no Nordeste, segundo reportagem do Jornal Nacional, de 20 de dezembro de 2012. O colapso no abastecimento provocou uma crise sem precedentes no município que mais produz ovos e carne de frango no Nordeste. As granjas desativadas se multiplicam, levando prejuízo a uma região que chegou a produzir dois 2,7 milhões de ovos por dia e 350 mil frangos por semana: “Em outros temos, a matéria-prima encarecia, mas tínhamos água”, disse o avicultor Fernando Vilela Sobral.

Sem condições de manter as aves, pequenos e médios produtores estão vendendo as galinhas para o abate 30 semanas antes do tempo, justamente quando elas estão mais produtivas, botam ovos maiores e poderiam dar mais lucro. O prejuízo é maior para os criadores de frango para o abate. Ao todo, 40% das duzentas e 12 granjas pararam a produção. A crise na avicultura parou o comércio da cidade, situação que se agrava a cada dia sem chuva, com aumento do desemprego e crescimento do número de pessoas e famílias que precisam do apoio dos programas de transferência de renda do Governo Federal.

Portanto, a falta de água, assim como o uso e o abuso dos recursos hídricos estão levando determinadas regiões do Nordeste a uma situação nunca vista antes, embora o problema da seca nordestina seja antigo. Mas municípios como São Bento do Una conseguiam manter alta produção até recentemente (não estamos falando da qualidade da produção de frangos e ovos – que é um outro debate). Ou seja, a situação da seca está se agravando embora o governo tenha gasto bilhões com a transposição das águas do rio São Francisco – para nada até agora.

Os problemas de enchentes em algumas regiões e secas em outras tem agravado os problemas da produção econômica do Brasil, reduzindo as receitas do governo e aumentando os gastos. O Brasil pode ter grandes problemas sociais com as perspectivas de baixo crescimento do PIB, de um lado, e crise fiscal, de outro. Não será fácil enfrentar, concomitantemente, a crise econômica e a crise ambiental.

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José Eustáquio Diniz Alves