O tsunami monetário

O mundo está passando por um momento de inflexão. O modelo de crescimento econômico prevalecente nos últimos 200 anos está dando sinais de esgotamento. Os países desenvolvidos estão com renda per capita em 2012 menor do que tinham em 2007. O Japão está estagnado há duas décadas. A zona do Euro está a pontos de se romper. Os Estados Unidos estão engalfinhados em uma luta partidária que está prejudicando qualquer tentativa de redirecionar os rumos perdidos do “sonho americano”. Os PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) estão completamente endividados e caminhando como caranguejo, rumo ao subdesenvolvimento. As condições ambientais nem é bom falar.

Mas tratando de crescimento econômico. O PIB mundial caiu em 2009, mas teve uma rápida recuperação em 2010. Isto fez várias consultorias internacionais projetarem taxas de crescimento elevadas até meados do século XXI. Mas o ano de 2011, embora não tenha apresentado uma recessão, foi marcado por dúvidas e por novos desequilíbrios.

Para fazer a economia mundial avançar o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os Bancos Centrais dos maiores países do mundo abaixaram as taxas de juros e imprimiram uma grande quantidade de dinheiro. Houve um verdadeiro tsunami monetário, com trilhões de dólares despejados no mercado. A justificativa é que esta enxurrada de dinheiro seria necessária para manter a economia funcionando no azul. O alto volume de dinheiro é necessário para manter a “fogueira” do crescimento econômico.

Porém, grande parte da liquidez monetária está indo para especulação com moedas estrangeiras (tipo o Real que está sobrevalorizado) e para aplicações nas Bolsas de Valores. O índice de ações da Bolsa de Nova York, voltou a superar os 13 mil pontos. O S&P 500, está a 10% de sua máxima histórica, de outubro de 2007. Ou seja, as bolsas crescem sem base na economia real. É o clássico Wall Strret superando o Main Street.

Mas será que toda esta tentativa de injetar fôlego no mercado não está simplesmente preparando uma outra bolha? O tsunami monetário vai acabar afogando a economia?

O cenário internacional é muito incerto. Mesmo a China, que foi o motor da locomotiva da economia mundial nos últimos 30 anos, está chegando aos limites do crescimento. A desaceleração da China significa a desaceleração dos países em desenvolvimento exportadores de commodities. Na crise de 2009 os países desenvolvidos tiveram um grande tombo, mas alguns países em desenvolvimento continuaram a crescer. Se uma futura crise econômica afetar os dois blocos da economia internacional ao mesmo tempo a consequência serão muito graves, principalmente para as populações mais pobres e mais vulneráveis. O Brasil já está sendo atingido por este tsunami e as consequências poderão se agravar no futuro próximo.

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José Eustáquio Diniz Alves